Lembrámo-nos de trazer hoje aqui um excerto de uma conferência do Mestre Samael, sobre o tempo, numa altura em que este mundo parece tão preocupado com ele:
P. – Mestre, quando o senhor fala da criação dos mundos, seres ou galáxias, expressa-se em termos como “é claro”, é indubitável”, “é óbvio”, “é natural”, etc., em que se baseia para o dizer com tal segurança?
VM. – Vejo aqui no auditório que alguém faz uma pergunta interessante e sinto agrado em responder-lhe.
Senhoras e senhores, quero que saibam de forma concreta, clara e definitiva que existem duas classes de razão.
A primeira vamos denomina-la de “subjectiva”;
a segunda vamos qualifica-la como “objectiva”.
Sem dúvida que a primeira tem como fundamento as percepções sensoriais externas. A segunda, é diferente, e só se processa de acordo com as vivências íntimas da Consciência.
É óbvio que, atrás dos termos citados pelo cavalheiro, encontram-se diversos funcionalismos da minha própria Consciência: utilizo tais palavras da linguagem como veículos específicos para os meus conceitos de conteúdo.
Por outras palavras, ponho certo ênfase para dizer ao cavalheiro e ao honorável auditório que me escuta, o seguinte: jamais utilizaria as palavras citadas pelo senhor, se antes não tivesse verificado com os meus poderes conscientivos, com as minhas faculdades transcendentais, a verdade de tudo o que afirmo. Gosto de usar termos precisos com o propósito de dar a conhecer ideias exatas . Isso é tudo!
P. – Venerável Meste, o senhor mencionou, na sua exposição anterior a aurora da criação. Poderia explicar-nos em que época ocorreu e de quem foi a obra?
VM. – Distinto cavalheiro, na eternidade não existe o tempo. Quero que todos compreendam que o tempo não tem um fundo real, uma origem autentica ou legitima.
Certamente, em nome da verdade, devo dizer-lhe é algo meramente subjectivo, que não possui uma realidade objetiva, concreta e exata; o que existe é uma sucessão de fenómenos: nasce o sol, e exclamamos: “São seis da manhã”; oculta-se o sol, e dizemos: “São seis da tarde”; transcorreram 12 horas.
Mas em que parte do cosmos estão essas horas ou esse tempo? Acaso podemos agarra-lo com a mão, pô-lo sobre uma mesa de laboratório? De que cor é esse tempo, de que metal, ou de que substancia é feito?
Vamos refletir, senhores! Reflitamos um pouco! É a mente que inventa o tempo; na verdade, o que existe de forma subjetiva, é tão só a sucessão de fenómenos naturais.
Infelizmente cometemos o erro de pôr o “tempo” em cada movimento cósmico. Entre o nascer e o pôr do sol colocamos as nossas queridas horas, inventadas ou associadas ao movimento dos astros; mas essas horas são apenas uma fantasia da mente.
Os fenómenos cósmicos sucedem-se dentro do instante eterno da grande vida no seu movimento. No sagrado Sol absoluto, o nosso universo existe como um todo integral, unitotal, completo. Nele se processam todas as mudanças cósmicas dentro de um momento eterno, dentro de um instante que não tem limites.
Torna-se claro e óbvio que, ao se cristalizarem os distintos fenómenos sucessivos deste universo, vem á nossa mente o conceito de “tempo”; mas esse conceito subjetivo, sempre é posto entre um e outro fenómeno.
Realmente o Logos Solar, o Demiurgo Arquiteto do Universo é o verdadeiro autor de toda esta criação. No entanto não podemos pôr uma data na sua obra, na sua cosmogenese, porque “tempo” é uma ilusão da mente, e isto está bem mais além do mero processo intelectivo.
O Inferno ou os mundos inferiores existem desde toda a eternidade. Lembremo-nos daquela frase de Dante na sua Divina Comédia:
“ Por mim se vai á cidade do pranto, por mim se vai á eterna dor, por mim se vai à raça condenada. Justiça animou o meu sublime Criador, que me fez com o divino poder, a Suprema Sabedoria e o primeiro Amor. Antes de mim, coisa alguma foi criada, exceto as coisas eternas, e eternamente eu perduro. Ò vós que entrais , abandonai toda a esperança” [Canto 3 – Divina Comédia]
In “Sim! Há Diabo Inferno e Karma” SAW – Edição IGB pag. 35 a 37
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