quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

SOBREA A FANTASIA



Fantasias são artifícios que utilizamos para nos sentirmos melhor diante de situações ruins. São formas de compensar, negar, uma realidade adversa. De certo modo, as fantasias são uma defesa da psique.
Em nossas fantasias, brincamos de casinha, de empresa, de religião, fingimos ser artistas de novela, modelos de passarela, cantores famosos, jogadores de futebol. Como se ainda fôssemos crianças, continuamos a fantasiar a vida, sem nos darmos conta. Guardadas as devidas proporções, a situação é quase a mesma. Enquanto as crianças se apegam aos seus brinquedos, apegamo-nos aos nossos; enquanto as crianças choram quando vão para a escolinha pela primeira vez, choramos quando nos separamos de algo a que temos apego. A diferença é que as crianças fantasiam a realidade, mas estão sempre abertas ao novo, estão sempre buscando conhecer, aprender, compreender. Surpreendem-se com as novidades, com cada nova descoberta. Já nós, adultos, fantasiamos a vida e nos fechamos ao novo, convencidos de que chegamos à última instância da realidade.
A fantasia embota a mente, de forma a nos impedir uma visão nítida da realidade, da verdade. É como um treino cuja finalidade é nos transformar em tolos. Aliás, um treino que realmente tem dado muito certo. Pelo que parece, inclusive, vem superando as expectativas.
Na busca por prazeres mentais, fantasiamos a realidade. Pode-se dizer que este processo é uma espécie de onanismo mental.
Alucinados, vivemos a fantasia de ser um personagem escolhido e agimos como se fôssemos realmente este personagem construído em nossa mente; agimos como se fôssemos esta auto-imagem, este cúmulo de ilusões sobre nós mesmos. Identificamo-nos, apaixonamo-nos por esta criação.
Sorrimos e nos comprazemos com situações idiotas, ao imaginarmos as cenas fantasiadas. Ou seja, as imagens que artificialmente montamos em nossas mentes nos fazem sorrir.
A vida é como um sonho, um sonho é como a vida. Passamos nossos períodos de vigília como se estivéssemos sonhando. E nessa ciranda, aquela pessoa que achamos agradável e simpática num primeiro momento torna-se antipática e desagradável no momento seguinte. Tudo se dá exactamente como num sonho, onde estamos diante de uma determinada cena e, logo a seguir, a cena se transforma. Não nos damos conta deste processo no estado de vigília, nem muito menos nos sonhos. As cenas mudam drasticamente, coisas impossíveis acontecem, e continuamos como se nada estivesse ocorrendo. Nada questionamos, não questionamos as loucuras vividas no sonho, não questionamos nossas mudanças de humor, de conceito, de valores, de opinião, no estado de vigília. Durante o período de sono, repetimos em sonhos tudo que fazemos no período de vigília. Repetimos costumes, actos, gestos mecânicos, realizamos fantasias, liberamos repressões.
Como já foi dito, usamos a fantasia como mecanismo de defesa. Por exemplo, para fugirmos do mal-estar de uma crítica recebida, fantasiamos a nosso respeito, fantasiamos a respeito de quem nos critica, inventamos uma cómoda realidade em nossa mente. Para fugirmos da dor de um abandono, convencemo-nos de que foi melhor assim, de que nos livramos de alguém que não nos faria feliz, e arrumamos desculpas compensadoras, como a ideia de que ficamos com bens materiais. Pode ser até que este abandono tenha sido, de fato, melhor solução para nós. Mas, em nossa ignorância, influenciados pelos egos e cheios de mágoas, esta visão é apenas uma fuga da realidade interna, uma vez que negamos nossas mágoas, tristezas e frustrações.
O orgulho, a vaidade, o amor próprio, a auto-importância, estão todos enraizados nas fantasias Se uma pessoa provocante nos desperta o desejo de possui-la, nossa mente começa a criar uma série de imagens ligadas a essa atracão. As fantasias se acumulam, as sensações se exacerbam, e nos viciamos em tais sensações. Se alguém do sexo oposto nos trata de forma carinhosa, já fantasiamos que esta pessoa está interessada em nós, que nos admira, que aprecia nosso corpo, nosso rosto, nossos olhos, nosso sorriso, nosso cabelo. E uma onda de sensações e prazeres toma conta de nós. Mas tudo isso são ideias que temos sobre nós mesmos, não passam de projecções de nossa mente.
Muitos se sentem orgulhosos de sua posição social, posses, bens e títulos. Mas basta pensarmos um pouco mais além para concluirmos que tudo não passa de uma ilusão. A posição social é uma questão exclusivamente mental, criada a partir de uma série de impressões que, por sua vez, dão origem a falsas sensações, conceitos, valores e padrões. Quando avaliamos esse estado mais profundamente e descobrimos que ele é apenas mais um artifício da mente, podemos compreender que uma posição social é algo restrito apenas ao mundo das ideias e se manifesta na forma de impressões e sensações ilusórias.
Mas nossas fantasias não ficam apenas nisso. Fantasiamos tudo, fantasiamos nossa realidade espiritual, psicológica, social e familiar.
O rico acha que é mais que o pobre, o pobre acha que é mais que o rico. Existe em nós uma necessidade de nos acharmos mais, melhores e maiores.
Não conseguimos olhar directamente a realidade, a crua verdade dos fatos, o deserto do real. Precisamos de fantasias que nos anestesiem e nos permitam viver sem a dor da verdade. O que muitos chamam de esperança não passa de mera ilusão, fantasia, sonho. Ter esperança de ganhar na lotaria, por exemplo, é uma ilusão, uma fantasia que compensa a frustração de uma situação financeira precária; é uma fuga, uma projecção da frustração, da não aceitação, da insatisfação, do descontentamento com a real situação. que criamos, nas ilusões que construímos sobre nós mesmos, sobre a realidade.
Expandindo um pouco a questão da esperança, da falsa esperança, podemos observar muitas outras variações neste sentido, tal como sonhar com um emprego melhor; uma casa maior e mais bonita; um carro melhor; conquistar alguém jovem, bonito e charmoso; ter um relacionamento perfeito; abrir o próprio negócio; não ter que trabalhar e poder aproveitar a vida; ter família e filhos, etc. Repetindo o que já foi dito anteriormente, todas essas esperanças são ilusões, fantasias que só exacerbam a frustração com a situação vivida, com a condição real; são formas de compensação, de fuga, de projecção da frustração, da não-aceitação, da insatisfação, do descontentamento com a situação actual, com a condição real. Essas esperanças são recursos que podem gerar motivação de vida a muitas pessoas, mas são também uma forma de negação, de fuga de realidades muitas vezes adversas, são saídas que arrumamos para podermos lidar com situações desfavoráveis, desagradáveis. A esperança, a fantasia, o sonho de realizar algo no futuro é uma forma de compensar nossa incapacidade de realizar nossos projectos no momento presente.
Vivemos fantasiando sobre nós mesmos e ficamos irritados quando as pessoas não fazem o que queremos, quando não se comportam como esperamos, quando, de alguma forma, vão contra as nossas fantasias, quando nos chamam atenção, nos criticam ou ofendem, retirando-nos da fantasia ou desconstruindo-a dentro de nós, estragando o prazer e o bem-estar que ela nos dá. É como se estivéssemos dormindo e navegando felizes em nossos sonhos e alguém nos acorda, provocando nossa irritação e mau humor. A fantasia é apenas um sonho.
A título de ilustração, vejamos um exemplo prático. Um sujeito chega a um banco sentindo-se importante, poderoso, vaidoso, seja porque está impecavelmente bem vestido, ou por ter uma conta razoável naquela instituição, ou por conhecer pessoas influentes ali, ou por ocupar um cargo importante, ou por ter este ou aquele título, ou por trabalhar em uma grande empresa, ou por ser dono de um carro de luxo, morar em local nobre, etc. Movido por esse tipo de fantasias que habitam sua mente, ele adentra o dito banco e projecta-as para os outros, juntamente com sua auto-adoração, seu amor próprio. E, quando alguns lhe abrem um sorriso, saúdam-no, cumprimentam-no, ele acredita que todos estão a lhe adorar, tem a sensação de ser reconhecido, aceito, admirado, sente-se importante. Mas todo o seu enleio se desfaz quando, ao passar passa pela porta magnética, ela trava. Então fica ofendido, indignado, e se pergunta como o segurança teve a petulância de não lhe reconhecer, faltando-lhe com o respeito – um procedimento inconcebível, logo com ele, que é tão importante. É neste exato momento que cabe a comparação com o despertar de um sono. O problema é que este indivíduo continua a dormir, insiste na realidade fictícia do sonho, da fantasia. Em algumas vezes, fica nervoso, discute, reclama. Em outras, pode adoptar atitudes revanchistas e vingativas, como, por exemplo, se exibir ao cumprimentar autoridades ou pessoas que julga importantes, como se quisesse alardear: “Viu só como sou importante? Conheço o fulano, que é chefe de tal departamento!” Pode ser também que simplesmente arraste o segurança, que só estava cumprindo seu dever, para as cavernas de sua mente, e lá acabe com ele, desmoralizando-o, humilhando-o, desqualificando-o, arrasando-o. Tudo baseado em puras fantasias, fantasias sobre si mesmo, sobre a realidade. A mente cria problemas onde existe apenas uma situação que, na maioria das vezes, é uma situação simples, comum.
Evidentemente, não percebemos que estamos fantasiando a vida, assim como acontece nos sonhos, onde não percebemos que sonhamos.
Este tipo de situação acontece frequentemente nos mais diversos cenários: quando somos barrados em portarias de empresas, de prédios, condomínios ou restaurantes, independente de frequentarmos assiduamente tais lugares ou não.
Fantasias desta ordem envolvem a ilusão ou sensação de controle, superioridade, poder, status, fama, popularidade – aspectos que já foram ou serão aprofundados em outras oportunidades.
A fantasia está baseada na falta de auto-conhecimento, e por isso gera medo, insegurança, vergonha, incerteza, indecisão, dúvida.
Criamos uma ideia sobre nós mesmos, uma fantasia, apaixonamo-nos pela nossa criação e tentamos projecta-la para os outros, para o mundo. Tentamos convencer os demais de que somos como definimos em nossa fantasia. Esta tentativa de se projectar uma imagem pode acontecer sob as mais diversas formas, tais como: usar roupas e acessórios de grife, adquirir carros sofisticados ou casas luxuosas, ostentação de títulos. Por exemplo, uma pessoa que se acha intelectual vai tentar acumular títulos para validar, para comprovar, a sua intelectualidade. Perante os demais, sua postura deve ser a de um intelectual erudito, informado, ágil no pensar. Aparecerá sempre carregando livros, revistas, jornais, e aproveitará qualquer oportunidade para mostrar que sabe das coisas, para vangloriar-se de seus títulos.
Cria-se uma fantasia sobre si mesmo e sobre a existência; tenta-se projectar essa fantasia para o mundo, representando-a por meio de objectos externos, a fim de validar, afirmar, dar consistência e realidade a tal projecção. Assim se dá a busca por auto-afirmação.
Evidentemente, uma fantasia sobre nós mesmos não passa de fantasia, assim como uma ideia sobre nós mesmos não passa de uma ideia. Portanto, é algo de bases muito frágeis. Quando erramos ou quando somos criticados, tentamos nos defender, arrumamos justificativas, desculpas, para tentarmos nos afirmar, para tentarmos convencer o outro – e a nós mesmos – da veracidade de nossa fantasia.
É muito difícil perceber não só as nossas próprias fantasias como também as fantasias colectivas, aquelas que todos acham que é real, que tomam como verdade. Mas, em relação às fantasias particulares dos outros, percebemo-las até com certa facilidade, assim como percebem as nossas.
Uma pessoa muito sábia disse: O desejo projecta os objectos do desejo, imaginamos que eles tem existência real, porque muitas pessoas os vêem, eles adquirem uma realidade ilusória, mas é somente o desejo que os torna objectos. Por exemplo, uma mulher, por si mesma, não é objecto de desejo, ela é o que é, mas o desejo de alguém por ela a transforma em um objecto. O que é atractivo para um homem pode não ser para outro, não existe qualquer objecto, qualquer atracão por si, porque a natureza de uma coisa como ela é, a faz existir de uma vida independente... Cada coisa é o que é, mas o desejo a projecta como um objecto para si, daí surge a busca, e por trás de cada busca há uma noção de valor que pode ser religiosa, política ou pessoal.
O contrário desta afirmação também é uma verdade. Ou seja, não é porque muitas pessoas não vêem ou não acreditam em algo que este algo não existe. As coisas são o que são, quer se acredite nelas ou não. As coisas não deixam de existir porque as pessoas não acreditam nelas.
Precisamos trabalhar sobre nós mesmos, precisamos nos auto-conhecer, precisamos eliminar as fantasias para que o real Ser possa vir à tona.


JFM  Lisboa- Portugal

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O ÚLTIMO INIMIGO A SER DESTRUÍDO OU ANIQUILADO É A MORTE (1º Coríntios, C. 15, v. 26)



O ÚLTIMO INIMIGO A SER DESTRUÍDO, OU, ANIQUILADO É A MORTE (1º Coríntios, C. 15, v. 26)

Alguns dizem que a morte não existe, e que a vida continua no outro lado. Ou então dizem que a verdadeira vida está do outro lado.
Sim, mas que tipo de vida?
Que consciência terão de vida, da própria vida interior do outro lado, se não conseguiram tê-la aqui?
Não sabem, ou então, já esqueceram, se já leram nas escrituras, que dizem conhecer e acreditar, que existe a segunda morte.
Como pretendem vencer a morte, se a cada ato sexual jogam a substância da vida fora? E o que mais resta, senão a morte no corpo.
E se for elemento do sexo feminino, o excesso da prática sexual, com a descarga electromagnética psíquica que o homem descarrega sobre ela, com a intensidade do próprio orgasmo com que incita, estimulando o homem à ejaculação, prejudica as vibrações com que se irradiam o estado de percepção da pureza ou degeneração, ou, contaminação da aura do astral na região dos órgãos sexuais, refletindo-se no corpo físico, no emocional, na mente e no psiquismo, com consequências desagradáveis.
Impedindo com isto que a consciência desperte, expandindo-se com a plena manifestação da alma, a noiva adornada com os demais corpos espirituais, em busca do contato, em alcançar o espírito, o noivo, o eterno, o íntimo.
O corpo, muito menos, alcança a eternidade nas condições pelas quais se tem a noção dele agora, degenerado. Muito antes do desenlace final, o homem, dito ser humano, já é um morto vivo. É apenas um humanóide, guiado pelo instinto, altamente sofisticado pelo intelecto.
Alguns ensinamentos dizem que as forças sexuais estão na alma. Mas se não houver a contra parte física, não há como se manifestar no plano físico. E se não houver domínio próprio em não se conter, ejaculando, jogando fora a substância da vida na contra parte física, que se exaure ao longo do tempo, com a ejaculação.
O espírito, se alcançou, que é eterno, permanece como tal, eterno, enquanto os componentes, tanto materiais físicos, como etéreos espirituais, elementos que deveriam permitir a manifestação da sua vontade aqui na terra, através do corpo, o templo, sucumbem, degeneram, limitando-se, delineando limites no tempo de cada reencarnação.
Enquanto estíverem aqui sofrem as tentações da matéria, guiadas pelos centros de comando, o sexual, o instintivo, o emocional, o motor, e o intelectual. Pode-se dizer que a consciência que se tem do corpo com as sensações, com a última imagem, que teve quando desencarnou, vai para outras dimensões dos outros planos. E consegue estar também na eternidade, só que não tem consciência disto. E a pouca vida, que armazenou aqui, não lhe dá condições de permanecer eternamente inconsciente na eternidade. Porque ele está inserido, contido, num outro meio, nas condições do espaço das dimensões do astral do seu mundo interno, nos espaços das outras dimensões, dos demais planos existentes, que cruzam e o trespassam, interna e externamente.
Mas a consciência egóica, do ego, não está bem esclarecida intelectualmente para estas novas condições, e se estiver, pode ser que não creia. Nem a pouca consciência que tem, não percebe isto. Está como se estivesse num sonho, onde não comanda as situações.
A consciência da essência, dependendo do grau, ou nível, não está despertada para os planos seguintes, mais superiores. Porque é levado a continuar a ser o que foi aqui, guiado pelo seu ego, com seus seus, “eugoísmos ínternos, inconscientes, que continuam a dirigir este corpo fluídico, através dos centros de comando do corpo, o sexual, o instintivo, o emocional, o motor, e o intelectual, sem conseguir chegar aos demais centros superiores, o emocional superior, e o intelectual superior.
E assim a consciência limitada prende-se mais aos cinco sentidos do corpo, a visão, a audição, o tato, o olfato, a gustação, o paladar. Que são os sentidos que prendem mais pela identificação com o mundo externo.
E o mundo, em si mesmo, é constituído pelo mundo visível e invisível, até aos terceiros ou quarto planos, físico, etéreo, astral e mental.
A percepção extra-sensorial pode ser enganada, como todos os outros sentidos, O que nos parece bom num determinado instante, pode se tornar ruim noutro instante. A impressão que se tem do que pode parecer ser, de repente pode não ser. E os sentidos internos se desenvolvem muito pouco.
Se o nosso corpo é o templo onde Deus habita, não seriam as células, os tijolos da edificação? O que deverá ser a argamassa que sustenta e fixa os tijolos, que sem a qual a construção não se mantém erguida?
A energia sexual proveniente das glândulas sexuais é semelhante à argamassa que sustenta os tijolos da parede, e dá firmeza às células do corpo. Esta sustenta ção se manifesta no conjunto como um todo, desde antes da fecundação, e a formação do novo ser, e o acompanha em toda a sua vida, quer física, mental, psicológica, e espiritual, desde que não seja gasta com a fornicação.
E de que maneira é destruído o templo de Deus, de tal modo que, quem assim o fizer será destruído? Além dos maus pensamentos, palavras e ações, com todos os tipos de vícios, e principalmente a fornicação com a ejaculação, são os pecados, transgressões às leis de Deus, erros cometidos contra o corpo, a alma e o espírito.
16 - “Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?”
17 - “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado, ou, santo.” (1º Coríntios, C. 3, v. 16, 17)
As combinações químicas, provenientes das substâncias dos harmónios sexuais, sublimadas, em se transmutando tanto física, como etereamente, construindo, ou, reconstruindo e vivificando os demais corpos, em todas as circunstâncias das provações em que se manifesta a vida de cada um, disseminadas distribuídas por todas as células do organismo, restaura, revitaliza, revive, o que permite um corpo radiante, luminoso.
Sem ela, a argamassa, combinações químicas da energia sexual, a energia criadora primordial, não há possibilidades de uma construção, o corpo vivo, o templo firme sobre uma base sólida, a rocha, o sexo.
22 - “Porque sabemos que toda a criação a um só tempo geme e suporta angústias até agora.”
23 - “E não somente ela, mas também nós temos as primícias do Espírito, igualmente em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.” (Romanos, C. 8, v. 22, 23)
7 - “E assim para vós que credes, é preciosa, mas para os rebeldes, ou, descrentes, a pedra que os edificadores reprovaram, ou, rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra angular.”
8 - “E, uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes.” (1 Pedro, C. 2, v. 7, 8)
Quando o homem sente o poder e a força da sua natureza sexual, e, sem domínio próprio ejacula desenfreadamente, sente, desfalecer-lhe as forças físicas, e mentais, fica de perna mole, em frangalho, em pedaços, e procura se restabelecer com comidas fortes e remédios para se revigorar. Embora momentaneamente, sentindo-se forte novamente e restabelecido psicologicamente macho pela exaltação da sua virilidade. Mas com o passar do tempo, e o manter do erro, sucumbe inferiormente ao sentir a que ficou reduzido a sua auto-imagem psicológica de machão. Cheio de angústia, depressão e insegurança.
41 - “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca: (S.Mateus,C.26,v. 41)
17 - Vós porém amados, lembrai-vos das palavras anteriormente pro feridas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo.”
18 - “Os quais vos diziam: No último tempo haverá escarnecedores, andando segundo as suas ímpias paixões.”
19 - “São estes os que promovem divisões, sensuais, que não têm o Espírito.”
20 - “Vós, porém, amados, edificando-vos, a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo.” (S. Judas, C. 1, v. 17 a 20)
24 - “Vede então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé.”
26 - “Porque assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.” (S. Tiago, C. 2, v. 24, 26)
8 - “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus:”
9 - “Não de obras, para que ninguém se glorie.”
10 - “Porque somos feitura sua, criados em Crisfo Jesus para as boas obras, as quais Deus de antemão preparou, para que andássemos nelas.”(Efésios, C. 2, v. 8 a 10)
16 - “Se alguém vir pecar seu irmão pecado que não é para morte, orará, E DEUS DARÁ A VIDA ÀQUELES QUE NAO PECAREM PARA A MORTE. Há pecado para a morte, e por esse não digo que ore.”
17 - “Toda iniquidade é pecado; e há pecado que não é para a morte.”
 (1º S. João,C.5,v. 16,17)
Com a castidade, sublimando e transmutando a energia sexual proveniente das glândulas sexuais, com a prática do ato sexual com amor, e sem o orgasmo da fornicação com ejaculação, desenvolver e aperfeiçoar a vida dentro de si mesmo, no reino de Deus, no reino dos céus, nas dimensões do astral dos planos interiores.
Para que, uma vez obtida e manifesta a vida aqui no plano físico, pela vontade de Deus, segundo o merecimento e a fé de cada um, possam encontrar realmente depois da morte, a vida e a consciência que conseguiram obter com esforço e trabalho na auto-edificação, e no despertar da consciência, nos vários níveis, e planos de manifestação da vida e do espírito.
Trabalham mais em teorias vãs que não levam à vida eterna.
E menosprezam o conhecimento que deve ser posto em prática para obtê-la.
17 - “Isto, portanto, digo e dou testemunho no Senhor, que não mais andeis assim, como também as nações andam na improficuidade (trabalho sem proveito) das suas mentes.”
18 - “Ao passo que estão mentalmente em escuridão, ou ignorância, e apartados da vida que pertence a Deus, por causa da insensibilidade dos seus corações.”
19 - “Tendo ficado além de todo o senso moral, entregaram-se à conduta desenfreada para fazerem com ganância toda sorte de impureza.” (Efésios, C. 4, v. 17 a 19)


Extrato do Livro “Sublimação Sexual”. Obra Gnóstica de autor desconhecido e não editada.


JFM - Lisboa - Portugal

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A LEI DO PENDULO



 Vamos começar a nossa cátedra desta noite
Certamente, a humanidade vive entre o batalhar das antíteses, entre a luta cruenta dos opostos. Algumas vezes, encontramo-nos muito alegres e contentes, outras achamo-nos deprimidos e tristes.

Temos épocas de progresso e bem-estar, uns mais que outros, de acordo com a Lei do Karma; também temos épocas críticas no lado económico, social, etc. Às vezes nos encontramo-nos mais optimistas com relação à vida, e outras sentimo-nos pessimistas.

Sempre que após uma época de alegria e contentamento, já sabemos  se segue uma outra mais depressiva, dolorosa, etc. Ninguém ignora que sempre estamos submetidos a muitas alternâncias no terreno prático da vida. Normalmente, as épocas que chamamos felizes são seguidas por épocas angustiantes.

Esta é a Lei do Pêndulo, que governa, realmente, nossa vida. Vocês já viram, por exemplo, o pêndulo de um relógio; assim como sobe pela direita, logo se precipita para subir pela esquerda.

Não há dúvida de que a Lei do Pêndulo governa também as nações. Por exemplo, na época em que o Egipto florescia às margens do Nilo, o povo judeu vivia como nómada no deserto. Muito mais tarde, quando o povo egípcio decaiu, o povo hebraico levantou-se vitorioso; é a Lei do Pêndulo. Uma Roma triunfante sustentou-se sobre os ombros de muitos povos, mas depois caiu, com a Lei do Pêndulo, e estes povos levantam-se vitoriosos.

A Rússia, por exemplo, se apaixonou terrivelmente pela dialéctica materialista, mas agora o pêndulo começa a mudar, está a passar para o outro lado, e, como resultado, a dialéctica materialista está a ficar ou já ficou completamente ultrapassada, já não tem valor algum. Hoje em dia, devemos à Rússia a maior produção em termos de Parapsicologia.

Já está comprovado por dados que a União Soviética está produzindo a maior quantidade de estudos relacionados com a parapsicologia. Usa-se o hipnotismo nas clínicas, a parapsicologia nos hospitais, etc. Continuando assim, dentro de pouco tempo a Rússia terá passado exactamente para o lado oposto do materialismo, se tornará absolutamente mística e espiritual. E isto já vai acontecendo, muitos paladinos místicos estão-se a destacar na Rússia.

E a dialéctica de Marx? Pois ficou encostada, está praticamente caindo no fosso do esquecimento, para dar lugar à parapsicologia e posteriormente ao Esoterismo Científico, ao Ocultismo, Yoga, etc., porque o pêndulo está mudando, está passando para o outro lado, da tese à antítese.

Todos os seres humanos dependem da Lei do Pêndulo, isto é óbvio. Temos bons amigos e, se sabemos compreendê-los, é claro que podemos conservar a sua amizade; seria absurdo exigir que nossos amigos não estivessem submetidos à Lei do Pêndulo.

Portanto, não deve parecer-nos estranho que um amigo, com o qual sempre tivemos boas relações, nos apareça de um dia para o outro com o cenho franzido, iracundo, espinhoso, de mal humor, com palavras duras, etc. Neste caso, é melhor fazer uma vénia respeitosa e retirar-nos, para que o amigo tenha tempo de desafogar-se. E só porque nos mostrou má cara num dia, nós não devemos desanimar, mas sim compreendê-lo, porque não há ser humano que não esteja submetido à Lei do Pêndulo.

Assim, vale a pena sermos reflexivos.

Entendo que a Lei do Pêndulo se faz muito evidente especialmente entre os nativos de Gémeos (de 21 de Maio a 21 de Junho). Estes nativos de Gémeos têm, como se diz, dupla personalidade. Como amigos, são extraordinários, maravilhosos, chegam até a se sacrificar por suas amizades; mas, quando muda a personalidade, então se tornam o oposto e todo o mundo fica desconcertado.

Este é precisamente um exemplo do que é a Lei do Pêndulo. Não quero dizer que isto seja exclusivo deles, em questão da Lei do Pêndulo. Mas pelo menos especificam-no, evidenciam-no, servem como padrão de medidas e  indicam-nos o que é, em realidade e de verdade, esta Lei.

Quando conhecemos os nativos de Gémeos, sabemos manejá-los. Quando se manifesta a personalidade fatal ou negativa, não colocamos nenhuma resistência e, pacificamente, aguardamos que a personalidade simpática volte à actividade.

Tudo isto é interessante, mas a Lei do Pêndulo não é demonstrada apenas pelos nativos de Gémeos; podemos também evidenciá-la em nosso organismo. Existe uma diástole e uma sístole no coração, esta é a lei do Pêndulo. Diástole vem de uma palavra grega que significa reorganizar, preparar, acumular, etc. Sístole significa contracção, impulso, direcção, de acordo com certas palavras gregas.

Durante a diástole, o coração se abre para receber o sangue, mas também o organizar, prepara, etc., até que toma uma nova iniciativa, contrai-se e lança-o para todo o organismo; este lançamento é importante, é por ele que existimos.

Mas dou conta de que as pessoas compreendem que há uma sístole e uma diástole, mas não entendem que entre a diástole e a sístole existe uma terceira posição, a da preparação, ordenamento, acumulação de potências vitais, etc.

Podem dizer que muito breve o intervalo entre a sístole e a diástole e isto percebe-se, são milésimos de segundo. Para nós é muito fugaz, mas, para o mundo maravilhoso do infinitamente pequeno, para o mundo extraordinário do microcosmos, é suficiente para realizar prodígios.

Olhando as coisas deste ângulo, parece-me que nós deveríamos nos orientar através desta questão da sístole, da diástole e sua síntese organizativa, isso é óbvio.

As pessoas, nas suas relações ou inter-relações, vivem completamente escravizadas pela Lei do Pêndulo. Tão logo sobem com uma alegria transbordante, cantando vitória, como vão para o outro lado, deprimidas, pessimistas, angustiadas, desesperadas.

Todas se complicam com a Lei do Pêndulo. Os altos e baixos das finanças, as épocas de maravilhosa harmonia entre os familiares, os tempos de conflitos e problemas, tudo sucede, inevitavelmente, de acordo com a Lei do Pêndulo.

Em nosso modo de ver as coisas, podemos assegurar, de forma enfática,  que a Lei do Pêndulo é cem por cento mecânica. Temos a Lei do Pêndulo em nossa mente, em nosso coração e também no centro motor-instintivo-sexual. É óbvio que em cada centro existe a Lei do Pêndulo.

Na mente, está perfeitamente definida pelo batalhar das antíteses, as opiniões contrárias, etc. No coração, com as emoções opostas, os estados de angústia e de felicidade, de optimismo e depressão.
No centro motor-instintivo-sexual, se manifesta nos hábitos, costumes e movimentos. Franzimos o cenho, ficamos angustiados quando estamos deprimidos; ou sorrimos alegres sob o impulso do centro motor quando estamos contentes, etc. Pulamos de alegria com uma boa notícia, ou os joelhos tremem na iminência do perigo. Tese e antítese do centro motor, a Lei do Pêndulo no centro motor.

Conclusão: somos escravos de uma mecânica; se alguém nos dá uns tapinhas no ombro, sorrimos tranquilos; se alguém nos dá uma bofetada, respondemos com outra; se alguém nos diz umas palavras de elogio, nos sentimos felizes, mas se alguém nos fere com uma palavra agressiva, nos sentimos terrivelmente ofendidos. Realmente, somos maquininhas submetidas à Lei do Pêndulo, cada qual pode fazer de nós o que bem quiser.
Querem ver-nos contentes? É só nos dar uma quantas palmadinhas no ombro, alguns elogios ao ouvido e estamos felicíssimos.

Querem ver-nos cheios de ira? Basta que digam uma palavra que nos fira o amor próprio, qualquer palavra dura, e nos verão ofendidos, iracundos.

Assim, a psique de cada um de nós, em realidade de verdade, está submetida ao que os outros querem. Não somos (e é triste dizer) donos de nossos próprios processos psicológicos, qualquer um pode controlar nossos processos psicológicos, somos verdadeiras marionetas que qualquer pessoa controla.

Se quero vê-los contentes, basta adoçar o ouvido de vocês, elogiá-los, e os verei felizes. Se eu quero que vocês fiquem desgostados comigo, me ponho a ofendê-los e vocês então franzem o cenho, já não me olham com doces olhos como estão me olhando agora, mas de forma iracunda, com
olhos de pistola?.

Mas se quero tornar a vê-los contentes, volto e digo umas palavrinhas doces e vocês voltam a estar contentes e a me olhar docemente. Conclusão: vocês se convertem para mim em um instrumento onde posso tocar melodias doces, graves, agressivas, românticas, como quiser.

Onde está então a individualidade das pessoas? Pois se não são donos de seus próprios processos psicológicos, não a possuem. Quando alguém não é dono de seus próprios processos psicológicos, não pode dizer, realmente, que tem individualidade.

Vocês saem, por exemplo, à rua; vão muito contentes, enquanto não haja nada que os desgoste. Talvez estejam dirigindo seu carrinho e vem um louco desses que andam pela cidade e lhes dá uma fechada; e vocês ficam terrivelmente ofendidos. Se neste momento não protestam com a palavra, pelo menos protestam com a buzina, mas sem protestar é que não ficam.

Quer dizer, quem estava no outro carro nos fechou, nos aborreceu, nos incomodou, nos fez mudar totalmente. Se estavam felizes, se encheram de ira; então, quem estava no carro pôde mais que vocês, pode controlar a psique de vocês, e vocês não puderam.

Vão vendo, então, o que é a Lei do Pêndulo. E haveria alguma maneira de escapar desta terrível lei mecânica do pêndulo?

Vocês acham que há alguma maneira de escapar? Se não houvesse, estaríamos condenados a viver uma vida mecânica, per secula seculorum, amén...

Obviamente, tem que haver algum sistema que nos permita evadir esta lei, ou controlá-la. Existe, realmente; temos que aprender a tornar-nos compreensivos, aprender a ver as coisas na vida tal e como são.

Obviamente, qualquer coisa na vida tem duas caras. Uma superfície qualquer nos está indicando a existência de uma face oposta, isso é inquestionável. O anverso de uma medalha nos sugere o reverso da mesma. Tudo tem duas caras, as trevas são o oposto da luz. Nos mundos supra-sensíveis, pode-se evidenciar que ao lado de um Templo de Luz existe sempre um templo tenebroso, isso é claro.

Mas porque cometemos o erro de alegrar-nos diante de algo positivo e de protestar contra algo negativo, se são duas caras de uma mesma coisa? Penso que nosso erro mais grave consiste precisamente em não saber olhar as duas caras de qualquer coisa ou qualquer circunstância, etc. Sempre vemos apenas uma face, nos identificamos com ela, sorrimos, mas quando se nos apresenta a antítese da mesma, protestamos, rasgamos nossas vestes, trovejamos e relampejamos. Não queremos, em verdade, cooperar com o inevitável e este é precisamente o nosso maior erro.

Há vezes em que nos apaixonamos por um prato da balança e outras vezespelo outro prato; há vezes que vamos a um extremos do pêndulo e há vezes em que vamos ao outro, e, por este motivo, não existe paz em nós, nossas relações são péssimas, conflituosas.

A toda época de paz sucede uma época de guerra e a toda época de guerra sucede uma época de paz. Somos vítimas da Lei do Pêndulo e isso é doloroso. A isto se deve, precisamente, a tempestade de todos os exclusivismos, a luta de classes, os conflitos entre o capital e os trabalhadores, etc.

Se pudéssemos ver as duas caras de qualquer questão, realmente tudo seria diferente; mas infelizmente nos falta compreensão.

Se queremos ver as duas caras de qualquer questão se faz necessário (no meu modo de entender as coisas) viver, não dentro da Lei do Pêndulo, mas dentro de um círculo fechado, um Círculo Mágico.

Imaginemos um círculo mágico ao redor de nós mesmos. Por este círculo vão passando todos os pares de opostos da Filosofia, as teses e antíteses, as circunstâncias agradáveis e desagradáveis, as épocas de triunfo e fracasso, o optimismo e o pessimismo, o que chamam de bom e o que as pessoas chamam de mau, etc.

Ao redor deste Círculo Mágico podemos ver um desfile muito interessante. Descobriremos, por exemplo, que a toda alegria sucede, em seguida,estados depressivos, angustiosos, dolorosos. Quando as pessoas mais dão gargalhadas, maiores serão as lágrimas e o pranto.

Observem, vocês já devem ter visto na vida instantes em que todo o mundo ri, na família todos estão contentíssimos, não há senão gargalhadas e alegria... Mau sinal... Quando alguém vê isso em uma família, pode profetizar (seguro de que não vai falhar), que para essa família vem um sofrimento e que todos vão chorar.

Isto é certo, porque tudo é dual na vida. A expressão facial da gargalhada é seguida por outra expressão facial fatal,  de suprema dor e pranto. Aos gritos de alegria sucedem os gritos de dor.

Tudo tem duas caras, a positiva e a negativa, isso é óbvio. Vejam por exemplo este signo esotérico. Observem o reflexo no solo, a sombra. O que se vê? O Diabo, e, no entanto, é o signo do Esoterismo; mas sua sombra, obviamente, tem a cara do Diabo. Tudo é dual na vida, não há nada que não seja dual.

Quando alguém se acostuma a ver as coisas desde o centro de um Círculo Mágico, tudo muda, e a pessoa se libera da Lei do Pêndulo.

Em certa ocasião, tive o corpo físico de Tomas de Kempis, e escrevi em uma obra chamada ?Imitação de Cristo?, a seguinte frase: Não sou mais porque me elogiem, nem menos porque me critiquem, porque sempre sou o que sou?. Isso é claro, tudo tem duas caras; o elogio e o vitupério, o triunfo e a derrota... Tudo tem duas caras.

Quando alguém se acostuma a ver qualquer coisa, qualquer circunstância, qualquer acontecimento, de forma íntegra, uni-total, com suas duas caras, pois evita muitos desenganos na vida, muitas frustrações, muitas decepções.

Se alguém tem um amigo, deve compreender que este amigo não é perfeito, que tem seus agregados psíquicos,, que em qualquer momento poderia passar de amigo a inimigo (o que é inclusive normal). E no dia em que isso aconteça de verdade, quando este acontecimento se realize, já não passará por nenhuma desilusão, está curado na saúde, isso é  óbvio.

Recordo quando comecei com o Movimento Gnóstico. Umas três ou quatro pessoas me seguiam, eu havia posto todo meu coração nelas, lutando por ajudá-las, para que saíssem em corpo astral, na meditação, no estudo da Gnose, etc. Consegui formar um grupinho, e esperava tudo, menos que, alguém do grupo se retirasse, pois eu estava totalmente dedicado a formar este grupo com muito amor.

Claro, quando alguém do grupo se retirou, senti com se tivessem me cravado um punhal no coração. Disse: Mas eu lutei tanto por este amigo, queria que ele avançasse pelo Caminho, não lhe fiz nenhum mal, porque me traiu?

Afiliou-se a outra escola. Eu poderia pensar tudo, menos que alguém que estivesse recebendo os ensinamentos se afiliasse a outra escolinha. No entanto, resolvi continuar estoicamente meu trabalho. O grupo foi aumentando e chegou o dia em que havia muita gente.

Naquela época me foi dito, nos Mundos Superiores, que o Movimento Gnóstico era um trem em marcha, que uns passageiros desciam e uma estação e que outros subiam em outra estação, mais adiante desciam outros e muito mais adiante subiam outros. Conclusão, era um trem em marcha e eu era o maquinista que ia conduzindo a locomotiva. Portanto, não deveria preocupar-me.

Foi o que entendi e mais tarde pude comprovar isto.. Uns passageiros subiam em uma estação e desciam mais à frente, e assim sucessivamente. Desde então me tornei estóico. E também vi que se retirava um e chegavamdez.

E disse: bem, então não há porque preocupar-me tanto?. Desde aquela época, depois de um grande sofrimento por causa de um que se retirou, aprendi que raro é aquele que chega à estação final. Isso me custou muita dor. Hoje, quando um irmão se retira, pois que vá bem. Já não sou aquele que se enchia de terrível angústia, desesperado por causa do irmãozinho. Esta época já passou. Se um se retira, chegam dez, chegam vinte. O que é uma pessoa, quando há tanta gente? Não devemos brigar por causa das pessoas, isso é claro.

Todos estão submetidos à Lei do Pêndulo. Os que hoje se entusiamam pela Gnose, amanhã se desiludem. Isso é normal, todos vivem dentro desta mecânica.

Então, aprendi a ver as duas caras de cada pessoa. Alguém se afilia à Gnose, o ajudo e tudo o mais, mas estou absolutamente certo de que esse alguém não vai permanecer connosco durante toda a vida, que esse alguém não vai chegar à estação final. Como sei disso antecipadamente, estou curado na saúde.

Me coloco exactamente no centro do Círculo Mágico, para ver tudo o que vai passando pelo círculo, cada circunstância, cada pessoa, cada acontecimento com suas duas caras, a positiva e a negativa,. Se alguém se situa no centro e vê passar tudo ao seu redor, sem tomar partido pela parte positiva ou pela parte negativa de qualquer coisa,, pois evita muitos desenganos, muitos sofrimentos.

O erro mais grave na vida consiste em querer ver apenas uma cara de qualquer questão, uma cara de uma amizade, uma cara de uma circunstância, uma cara de um objeto qualquer, uma cara de um acontecimento. Isso é grave, porque tudo é dual.

Quando vem a parte negativa, então a pessoa sente como se lhe cravassem sete punhais no coração. Há que aprender a viver, meus amigos, há que saber viver, se vocês querem chegar longe, não como muitos. Porque se vocês vêem unicamente uma cara, e não vêem a antítese, a outra cara, a fatal, terão que passar por muitos desenganos, por muitos desencantos, por muitos sofrimentos, acabam doentes e ao fim morrem.

Mataram, por ex., a pobre Blavatsky. Quem a matou? Todos os seus caluniadores, detractores e inimigos secretos, e amigos (esses que se dizem amigos). Simplesmente a assassinaram, não com pistolas, ou com facas, não, não, não; falaram mal dela, a caluniaram publicamente, a traíram, etc., etc., e outras coisas mais. O resultado foi que a pobre morreu cheia de sofrimento.

Eu, francamente, lamento muito, mas esse gosto não vou dar a todos os irmãozinhos do Movimento. Eu vejo, em cada irmãozinho, duas caras Um irmão que hoje está connosco, que estuda nossa doutrina, o aprecio, o amo, mas no dia em que se retira, para mim é normal que se retire, o que acho estranho é que alguém dure muito tempo.

Mas para entender essa horrível lição, tive que sofrer fortemente. Os primeiros, foi como se me cravassem um punhal no coração. Depois, me tornei melhor, parece que me formou um calo no coração.

Assim, o que aconteceu com Blavatsky não vai acontecer comigo, porque eu estou olhando as duas caras de qualquer questão, estou em uma terceira posição. Na posição que fica o coração quando está se preparando para a sístole. Ele está em estado de alerta, absorvendo (em suas profundidades), preparando, organizando, para depois recolher-se, comprimir-se e lançar o sangue em todo o organismo. Este terceiro aspecto é muito útil.

 Melhor dizendo, considero que o melhor é viver no centro do Círculo Mágico que nos extremos do Pêndulo. Este centro, no Oriente, especialmente na China, se chama Tao.

Tao é o Trabalho Esotérico Gnóstico, Tao é o Caminho Secreto, Tao é INRI, Tao é o Ser. Quando alguém vive no centro do círculo, não está submetido a esse joguinho mecânico da Lei do Pêndulo, não está submetido às alternâncias de angústia e alegria, de triunfo e fracasso, de prazer e dor, optimismo e pessimismo, etc., não, se liberou da Lei do Pêndulo, isso é óbvio.
Mas, repito, há que aprender a ver as duas caras de cada coisa, a positiva e a negativa, e não identificar-nos nem com uma nem com outra, porque ambas são passageiras, tudo passa na vida, tudo passa...

Dentro do mundo que poderíamos chamar de intelectual, sempre senti certa aversão às opiniões. Porque tenho entendido que uma opinião emitida não é mais que uma exteriorização intelectual de um conceito, com temor de que outro seja o verdadeiro. Isso, naturalmente, acusa extrema ignorância, isso é grave, aí estão as antíteses.

Ainda não entendo, não compreendo, porque motivo certa pitonisa sagrada disse a Sócrates que havia algo entre a Sabedoria e a ignorância, e que esse algo, era a opinião. Francamente, ainda que essa pitonisa seja muito sagrada, não posso aceitar sua tese, porque a opinião vem da Personalidade, e não do Ser.

A Personalidade, realmente, conduz os seres humanos à involução submersa dos Mundos Infernos. Como lhes dizia em certa ocasião, a Personalidade é múltipla, tem muitas transformações, é artificial, é formada pelos costumes que nos ensinaram, pela falsa educação recebida nas escolas e colégios, que nos separou do Ser, e que não guarda nenhuma relação com as diferentes partes do Ser.

A Personalidade é artificial. E como nos afasta de nosso próprio Ser Interior Profundo, obviamente nos conduz pelo caminho equivocado que nos leva até a involução do Reino Mineral Submerso.

De modo que penso (estou pensando alto) que quando alguém sabe de alguma coisa, é melhor calar-se que opinar, porque a opinião é o produto da ignorância. Alguém opina porque ignora, se não, não opinaria. Alguém emite um conceito com o temor de que outro seja o verdadeiro. Vejam esse dualismo da mente essa lei terrível do pêndulo; a uma opinião se contrapõe outra.

A Personalidade se move dentro da Lei do Pêndulo, vive no mundo das opiniões contrapostas, dos conceitos contrários, do batalhar das antíteses. Então a Personalidade não sabe nada e a opinião é produto da ignorância.

Se analisamos o que é a Personalidade (que é a que produz a opinião), chegamos à conclusão de que a opinião é o resultado da ignorância. De modo que o que a pitonisa disse a Sócrates me parece equivocado.

A pergunta de Sócrates à pitonisa de Delfos (Diotima, se chamava) sobre o Amor, disse Sócrates que o Amor é belo, inefável, sublime... A pitonisa lhe responde que propriamente, não é belo... E Sócrates então diz, assombrado: se não é belo, então é feio. Não podes ver senão o feio, como se não existisse mais que o feio Não podes conceber que entre o belo e o feio há alguma coisa diferente O Amor não é nem belo nem feio, é diferente, isso é tudo. Sócrates, como era um Sábio, teve que guardar silêncio.

Claro, como estou pensando aqui em voz alta com vocês, os convidaria à reflexão. Como vêem vocês o Amor? Como? Não como alguém disse que é, mas como vocês o sentem? Belo ou feio? Algum de vocês pode me dar uma resposta? Quem ousaria responder?

Mestre, quando alguém está enamorado, o Amor é belo, mas se alguém recebe uma desilusão, o que era belo se torna feio...

Sempre se relacionou a beleza com o Amor, e o feio com a antítese do Amor. Estes são aspectos psicológicos, porque nossas avós, quando nos falavam das fadas, por serem boas, as descreviam belas, e os ogres, porque eram mais, eram feios. Creio que a resposta está além desses conceitos.

As respostas estão boas, mas devemos diferenciar entre o que é o belo e o que é o Amor. De modo que a coisa não está muito completa. Vamos ver outro...
Pressinto que o Amor está além deste par de opostos, transcende o belo e o feio...

A resposta está muito interessante. Vamos ver...

O Amor é inefável porque não é uma questão intelectual, é uma emoção que poderíamos chamar de sublime...
Esta resposta está mais transcendental.

Mestre, eu considero que o Amor é indescritível, quando alguém sente Amor, não se pode manifestar com palavras.
Mestre, eu diria que para nós é muito difícil dizer se o Amor é belo ou feio, porque nós não conhecemos o Amor. Estamos em vias de conhecer o Amor. Só um Ser superior sabe o que é o Amor.

Bom, vamos ver a última das respostas...

Penso que do ponto de vista de nossa personalidade humana, tudo é relativo, tudo depende das circunstâncias. Aprofundando, penso que isto pertence realmente ao Ser, e não à personalidade humana...
O Amor é como o Ser, a única razão de ser do Amor é ele mesmo...

Eu conceituo que o Amor consiste em se harmonizar com tudo e com todos...
Está bem. Mas, em realidade e de verdade, quando a pitonisa de Delfos falou com Sócrates, insinuou praticamente uma verdade. O Amor está além do belo e do feio. Que a beleza vem do Amor, isto é outra coisa. Por exemplo, quando se dissolve o Ego, fica em nós a Beleza interior, e dessa beleza surge isso que se chama Amor.

De modo que o Amor, em si mesmo, está além dos conceitos existentes sobre a feiura e a beleza. Não se pode definir, porque se o definimos, o desfiguramos.

E então a pitonisa teria razão? Sim. O Amor está além dos conceitos de feiura e beleza, ainda que o Amor venha da beleza e tenha como resultado a beleza. Onde existe verdadeiro Amor, existe beleza interior, isso é óbvio.

Assim, irmãos, entre a tese e a antítese, sempre existe uma síntese, que reconcilia os opostos. Vejamos isto. Sabemos que existe uma grande batalha entre os poderes da Luz e os poderes das Trevas. No mesmo Esperma Sagrado, existe uma luta entre os poderes atómicos da Luz e os poderes atómicos das Trevas. Em toda a criação existe esta grande luta, as colunas de Anjos e Demónios se combatem mutuamente em todos os rincões do Universo.

Quando alguém ainda não tem a Pedra Filosofal, vê como impossível a reconciliação dos opostos. Mas quando alguém consegue a Pedra dos Filósofos, a Pedra da Serpente (a base de muitos trabalhos conscientes e padecimentos voluntários), então, mediante a mesma, consegue reconciliar os opostos, os reconcilia em si mesmo, porque reconhece que tudo na criação tem duas caras, e só mediante uma terceira posição, isto é, só mediante o Tao ( no centro do Círculo Mágico), só mediante a síntese, podemos reconciliar os opostos dentro de nós mesmos, isso é óbvio.

Assim, se faz necessário que aprendamos a reconciliar os opostos, se faz necessário libertar-nos da Lei do Pêndulo, e que vivamos melhor dentro de Lei do Círculo.

Alguém se liberta da Lei do Pêndulo quando se coloca na Lei do Círculo, quando se coloca no Tao, que está no centro do Círculo Mágico. Porque então tudo passa ao seu redor, ao redor da Consciência da pessoa. Em círculo, pela Consciência redonda da pessoa, e passam os distintos acontecimentos com suas duas caras, as coisas, com suas duas posições, as circunstâncias, etc., os triunfos e as derrotas, os êxitos e fracassos.

Tudo tem duas caras e alguém. Situado no centro, reconcilia os opostos, já não teme um fracasso económico, já não seria capaz de dar um tiro na cabeça porque perdeu sua fortuna da noite para o dia, como fizeram muitos jogadores no Casino de Montecarlo, perdem sua fortuna e se suicidam; já não vão sofre pela traição dos amigos, se tornam invulneráveis ao prazer e à dor.

Vejam como é extraordinário, maravilhoso. Mas se não aprendemos a viver dentro do círculo, se não nos situamos exactamente no Tao (ponto central do Círculo Mágico), continuaremos como estamos, expostos à Lei trágica e mutável do Pêndulo, que é completamente mecânica e dolorosa.

Assim, meus queridos amigos, devemos aprender a viver inteligentemente, conscientemente, isso é óbvio. Infelizmente, toda a humanidade está submetida à Lei do Pêndulo. Vejamos como a mente passa de um lado para o outro, isso é fatal.

Tenho visto que não há ninguém, em realidade de verdade, que não esteja submetido a essa questão das objecções Chega alguém e nos diz alguma coisa, alguma frase. Qual é a primeira coisa que nos ocorre? Objectar, colocar tal ou qual objecção!

Esta é a Lei do Pêndulo. Diga-me que eu te direi. Me derrube que eu te derrubo depois. O resultado é a dor, e isto é terrível. Porque temos que estar colocando objecções, irmãos?

Neste momento, me vem à mente um caso interessante. Há muitos, muitíssimos anos, encontrando-me no Mundo Astral, em Hod, no Sephirot Hod, internado neste Sephirot, invoquei um Deiduso, Anjo ou Elohim, ou como vocês queiram denominá-lo, ou Deva. Aquele Deiduso me disse algo, e imediatamente objectei, fiz reluzir a antítese; de forma mais vulgar diria a vocês que refutei.
Eu esperava que aquele Deiduso discutisse comigo também, mas isso não aconteceu. Aquela Seidade me escutou com infinito respeito e profunda veneração. Coloquei muitíssimos conceitos e quando terminei, e pensava que ele ia tomar a palavra para refutar-me, com grande espanto vi que fez este signo, se inclinou reverentemente, deu as costas e se foi, deu meia volta e se foi.

Deu-me uma lição extraordinária, não objectou nada. Obviamente, aquele Deiduso havia passado além das objecções. É indubitável que as objecções pertencem à Lei do Pêndulo; enquanto alguém estiver objectando, está submetido à Lei do Pêndulo.

Todo o mundo tem o direito de emitir sua opinião, cada qual é livre para dizer o que quiser. Nós devemos, simplesmente, escutar quem está falando, com respeito. Terminou de falar? Nos retiramos...

Claro, alguns não procedem assim, ou não procederão desta forma. Por orgulho, dirão: eu não me retiro. Tenho que dar o troco. Eis aí o orgulho supino, intelectualóide. Se não eliminamos de nós mesmos o Eu do orgulho, é óbvio que tampouco jamais conseguiremos a Liberação Final.

O melhor é que cada qual diga o que tem que dizer e que não ponhamos objecções, porque cada qual é livre para dizer o que quiser, simplesmente. Mas as pessoas vivem sempre colocando objecções, objectam o interlocutor e objectam a si mesmas também.

Claro, isto não significa que não exista agrado ou desagrado, é óbvio que existe. Suponhamos que alguém coloca a qualquer um de nós para limar uma pocilga, onde vivem os porcos, creio que este não seria precisamente um trabalho muito agradável.

Teríamos direito a não considerar agradável, mas uma coisa é que o trabalho não nos pareça agradável, e outra coisa muito diferente é que ponhamos objecções, que comecemos a protestar: Mas que porcaria, meu Deus, nunca pensei que fosse cair tão baixo; que desgraçado sou, etc., etc., limpando uma pocilga, onde foi que vim parar?..
Com isto, a única coisa que a pessoa consegue é fortalecer tremendamente
os eus da ira, do amor próprio, do orgulho, etc.

Também o caso de uma pessoa que, em princípio, nos desagrada. É que não vou com a cara desta pessoa... Mas uma coisa é que não nos agrade, em princípio, e outra coisa é estarmos protestando contra esta pessoa: É que não vou com a cara desta pessoa, esta pessoa é um problema; e que fiquemos buscando subterfúgios para apunhalá-la, para eliminá-la.

Com as objecções, a única coisa que conseguimos é multiplicar a antipatia em nós, robustecer o Eu do ódio, robustecer o Eu do egoísmo, o Eu da violência, o Eu do Orgulho, etc.

Como fazer nestes casos em que uma pessoa não nos é grata? É que todos nós devemos conhecer a nós mesmos, para ver porque não nos é grata uma tal pessoa. Pode acontecer que esta pessoa está exibindo alguns dos defeitos que nós também possuímos.

Temos dentro de nós o Eu do amor-próprio e, se alguém exibe alguns desses defeitos interiores, é óbvio que não vamos com a cara desse alguém. De modo que, em vez de estarmos colocando objecções à esta pessoa (protestando, brigando), mais vale nos auto-explorarmos, para conhecer qual é o elemento psíquico que carregamos interiormente e que origina esta antipatia.

Pensemos em que se descobrimos tal elemento e o dissolvemos, a antipatia cessa. Mas se nós, em vez de investigar a nós mesmos, colocamos objecções, protestamos, trovejamos, relampejamos, contra a tal pessoa, fortaleceremos o Eu, isto é indubitável.

Dentro do mundo do intelecto, não há dúvida de que estamos sempre colocando objecções. Isto produz a divisão intelectual, a mente se divide entre tese e antítese, se converte em um campo de batalha que destroça o cérebro.

Observem como as pessoas que se dizem intelectuais são cheias de estranhas manias, alguns deixam o cabelo desalinhado, se coçam espantosamente, fazem mil palhaçadas; claro, é produto de uma mente mais ou menos deteriorada, destruída pelo batalhar das antíteses.

Se a todo conceito colocamos uma objecção, nossa mente termina brigando sozinha. Como consequência, vêem enfermidades ao cérebro, as anomalias psicológicas, os estados depressivos da mente, o nervosismo, que destrói órgãos muito delicados como o fígado, o pâncreas, o baço, etc.

Mas se nós aprendemos a não ficar fazendo objecções, e deixar que cada qual pense como quiser, que diga o que quiser, terminarão as lutas dentro do intelecto e em seu lugar virá uma Paz verdadeira.

A mente das pobres pessoas briga o tempo todo. Briga consigo mesma espantosamente, e isto nos conduz por um caminho muito perigoso, que leva a enfermidades do cérebro e de todos os órgãos, destruição da mente, muitas células são queimadas inutilmente. Há que viver em santa paz, sem fazer objecções, que cada qual diga o que quiser e pense o que quiser. Nós não devemos fazer objecções, assim andaremos como deve ser, conscientemente.

Temos que aprender a viver. Infelizmente, não sabemos viver, estamos metidos dentro da Lei do Pêndulo. Mas reconheço aqui, conversando com vocês, que não é coisa fácil não colocar objecções.

Saímos daqui, tomamos o nosso carrinho e logo adiante alguém vem e o fecha. Se não dizemos nada, pelo menos tocamos a buzina em sinal de protesto. Ainda que seja buzinando, mas protestamos.

Se alguém nos diz algo, num momento que abandonamos a guarda, é certo que protestamos, fazendo objecções.

É muito difícil, espantosamente difícil, não fazer objecções. No mundo oriental já se reflectiu muito sobre este assunto, e também no mundo ocidental. Eu creio que há vezes em que é necessário apelar a um poder superior a nós mesmos, se é que queremos liberar-nos desta questão das objecções.

Em certa ocasião, lá pelas terras do mundo oriental, um monge budista ia caminhando, em um inverso espantoso, cheio de gelo e de neve, de animais selvagens. Claro que isto proporcionava sofrimentos ao pobre monge, que, naturalmente, protestava e colocava objecções.

Mas o pobre teve sorte. Quando estava quase desmaiando, lhe apareceu em meditação Amitaba (Amitaba em verdade é o Deus Interno de Gautama, O Buda Sakyamuni) e lhe entregou um Mantra para que pudesse manter-se forte e não fazer objecções, uma ajuda para que ele não ficasse protestando toda hora, contra si mesmo, contra a neve, contra o mundo.

Esse Mantra é utilíssimo, vou vocalizar bem para que vocês o guardem na memória e para que fique também gravado nas fitas que vocês trazem em seus gravadores: GAAAATEEEE, GAAAATEEEE, GAAAATEEEE...

É melhor soletrar, G  A - T - E. Entendo que este Mantra permitiu àquele monge budista abrir o Olho de Dangma, e isso é interessante, se relaciona com a iluminação interior profunda e com o Vazio Iluminador...

Houve necessidade dessa ajuda, porque não é tão fácil deixar de colocar objecções. Um momento em que a pessoa se descuida da guarda, já está colocando objecções a tudo, à vida, ao dinheiro, à inflação, ao frio, ao calor, etc., etc. Muitos protestam porque está fazendo frio, ou porque está fazendo calor, protestam porque não têm dinheiro, protestam porque um mosquito lhes picou, protestam por tudo.

Em realidade e de verdade, quando alguém vive fazendo objecções, se prejudica horrivelmente, porque o que ganha por um lado dissolvendo o Ego, está perdendo por outro lado, com as objecções.

Se alguém está lutando por não sentir ira, mas está fazendo objecções, pois o demónio da ira volta a tomar força. Se está lutando terrivelmente para eliminar o demónio do orgulho, se coloca objecções à má situação, a isto ou aquilo, volta a fortalecer esse demónio. Se está fazendo um esforço para acabar com a abominável luxúria, mas se num dado instante coloca objecções, porque a mulher não quer ter relações sexuais com ele, ou a mulher, porque o homem não a procura, e cinquenta mil objecções deste tipo, pois está fortalecendo o demónio da luxúria.

Assim, se de um lado estamos lutando por eliminar os agregados psíquicos e por outro os estamos fortalecendo, simplesmente estancamos. Portanto, se vocês querem, em realidade e de verdade, eliminar os agregados psíquicos, têm que acabar com essa questão das OBJECÇÕES. Se não procedem assim, se estancam inevitavelmente, não vão progredir de maneira alguma. Quero que compreendam isto de uma vez.

Bom, por hoje terminamos esta cátedra, mas deixamos a porta aberta para
as perguntas que possam ter...

“Mestre, se diz que o silêncio é a eloquência da sabedoria, e também se diz que é tão mal calar quando se deve falar, quanto falar quando se deve calar. Há vezes em que é necessário falar, talvez em um momento de defesa, quando nos estão atacando, talvez injustamente. Gostaria que me esclarecesse este aspecto”.


Alguém tem o direito de falar, porque não é mudo e a língua é dele. Mas o que não é conveniente jamais, para o nosso próprio bem,, é ficar fazendo objecções, ficar protestando, trovejando e relampejando, porque está fazendo calor, ou porque está fazendo frio, desgostado com tudo. Isto nos conduz, naturalmente, ao fracasso. É necessário, repito, não fazer objecções.

Alguém deve dizer o que tem que dizer, a verdade e nada mais que a verdade, e deixar aos outros a liberdade de opinar como quiserem, porque cada qual é livre para dizer o que quiser. Se alguém não procede assim, se toda hora está fazendo objecções, destrói sua mente, destrói seu próprio cérebro e causa muito dano a si mesmo, fortalece o Ego em vez de dissolvê-lo. Alguma outra pergunta?

“Há pessoas que vivem convencidas de que a um momento de alegria segue um de tristeza. Isto é, se programa neste sentido, não se colocam dentro do círculo protector. Evidentemente, isto sucede a essas pessoas, de uma forma infalível, matemática.
Tanto é que não desfrutam dos momentos de alegria, porque já estão fatalmente temendo o momento de tristeza. Gostaria que esclarecesse um pouquinho isto”.

Estas pessoas dão conta, realmente, de que tudo tem duas caras. Mas infelizmente não se colocam no centro do círculo, no Tao. Quando alguém está no Tao, sabe que vai passar ao redor de si mesmo, ao redor de sua própria consciência (dentro de si mesmo), todos os acontecimentos da vida com suas duas caras, e sabe que são passageiros.

Então, não se identifica nem com uma cara nem com a outra. Reconcilia os opostos mediante a síntese. Vejamos o caso de alguém que, por exemplo, está em uma grande festa (muito contente, muito alegre); mas esse alguém, sabe que todo momento de alegria é seguido por um de dor. Mas se essa pessoa está situada no centro, no Tao, então reconcilia os opostos dentro de si mesmo, em seu próprio Ser, em sua própria Consciência. Diz: Sei que a toda alegria sucede uma tristeza, mas nada disso me afreta, porque tudo é passageiro, tudo passa; as pessoas passam, as coisas passam, as ideias passam, tudo passa...
Portanto, pode perfeitamente viver aquele acontecimento como deve ser. Uma reflexão assim permitirá a tal pessoa estar no evento sem preocupação alguma. Está consciente, sabe que está em um momento passageiro, não o alude, o entende, conhece suas duas caras; simplesmente, o vice com a Consciência. Quando uma pessoa reflecte assim, actua da mesma forma em que actua o coração, quando na diástole se abre e recebe, acumula, organiza, elabora, para depois entrar em actividade com a sístole...


Samael Aun Weor

  


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