quinta-feira, 21 de abril de 2011

O SIBOLO DO OVO

"E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória."
(I Coríntios., 15:54)
Os dias escuros e tristes do Inverno passaram. A Mãe Natureza vai levando o frio, a neve da cobertura da terra a milhares e milhões de sementes resguardadas na terra fofa abrigadas, que estão rebentando da sua crosta e revestindo o solo com roupas de verão, numa explosão brilhante e gloriosa de cores que preparam a câmara nupcial para o acasalamento de pássaros e animais.
Nesta altura o espírito do mundo civilizado prepara a festa a que chamamos Páscoa, comemorando a morte e ressurreição daquele cuja história está escrita nos Evangelhos, o nobre ser conhecido no mundo com o nome de Jesus. Mas o cristão místico tem uma visão mais ampla e profunda do evento Cósmico e da sua recorrência anual. Para tal há uma impregnação anual da terra por uma Cósmica Vida Crística, uma espécie de uma respiração que se inicia com uma inalação que tem lugar durante o Outono, culmina no Solstício de Inverno, quando celebramos o Natal e termina com a exalação que se conclui no no período da Páscoa.
O Cósmico Drama da Vida e da Morte é representado anualmente por todas as criaturas e coisas evolutivas, desde o mais alto ao mais baixo, uma vez que até o Cristo Cósmico na Sua compaixão está sujeito à morte, por ter entrado nas nestas estritas condições durante uma parte do ano. Por conseguinte, pode ser adequado para trazer à mente algumas ideias sobre a morte e o renascimento que por vezes somos propensos a esquecer.
Entre os símbolos cósmicos que nos foram deixados desde a antiguidade, nenhum é mais conhecido como o símbolo do ovo. Encontra-se em todas as religiões. Encontramo-lo no “Eder Eddas” dos escandinavos, perdido na noite dos tempos, que nos conta que o ovo humano gelado pelas rajadas de Niebelhein, foi aquecido pelo hálito de fogo de Muspelheim para que os diversos mundos e o homem tivessem sido criados Se formos para o ensolarado Sul encontraremos nos Vedas da Índia a mesma história, no tempo e no espaço, em que Kalaharsa o Cisne, ao pôr um ovo, este acabou por se tornar o mundo. Entre os egípcios encontra-se o globo alado e as serpentes ovíparas simbolizando a sabedoria manifestada no nosso mundo. Em seguida, os gregos tomaram este símbolo que foi reverenciado nos seus mistérios. Foi preservada pelos druídas. Era conhecido pelos os construtores do monte da grande serpente em Ohio (EUA) que mantêm o seu lugar na simbologia sagrada até hoje, embora a maioria esteja são cega ao “Misterium Magnum” que esconde e revela o mistério da vida.
Quando se parte a casca de um ovo encontramos dentro, apenas fluidos viscosos de cores e consistências variadas. Mas quando submetido a temperatura adequada, há lugar a uma série de mudanças que num curto espaço de tempo um ser vivo quebrará a casca, de dentro para fora, pronto para assumir o lugar entre seus pares. É possível, em laboratório, aos cientistas, replicar as substâncias do ovo que podem ser metidas numa concha, numa réplica o mais perfeita possível e depois de passarem todas as provas que considerem dever serem feitas para um ovo natural. Mas, diferentemente do ovo natural, nenhuma criatura viva pode ser chocada pelo produto artificial. Portanto, é evidente que algo intangível e determinado deve estar presente no primeiro e ausente no segundo.
Este mistério das idades que produz seres vivos é aquilo a que chamamos Vida. Uma vez que não pode ser reconhecido, entre os elementos do ovo, mesmo sob o microscópio mais poderoso - mas deve lá estar para fazer as mudanças notadas, logo, ele deve ser capaz de existir independentemente da matéria. É por isso que nós ao ensinamos, o símbolo sagrado do ovo, dizemos que a vida é capaz de modelar a matéria mas não depende dela para a sua existência. É auto-existente e por não ter começo não pode ter fim. Isto é simbolizado pela sua forma oval. Quando tivermos o verdadeiro conhecimento da verdade, transmitida pelo ovo simbólico, que a vida é increável e por isso sem começo e sem fim, isso vai permitir-nos perceber que aqueles que estão sendo removidos da existência física, estão apenas passando por uma jornada cíclica, similar à vida do Cristo Cósmico que penetra na terra no Outono e a abandona na Páscoa.
Vendo, assim, como a grande Lei, por analogia, trabalha em todas as fases e debaixo das circunstâncias da vida. O que sucede no grande mundo ao Cristo Cósmico sucede igualmente aqueles que são Cristos em formação
Devemos entender que a morte é uma necessidade cósmica, nas atuais circunstâncias, pois se estivéssemos presos num corpo igual ao que usamos atualmente e metidos num ambiente como o que temos hoje para lá viver para sempre, com as doenças do corpo e a pouco satisfatória natureza do ambiente, depressa nos cansaríamos da vida e clamaríamos por ser libertados. Travaria qualquer progresso e seria impossível para nós ir para alturas superiores, com que podemos evoluir para reencarnar em novos veículos e alcançar outros horizontes para nos proporcionar novas oportunidades de crescimento. Por isso, damos graças a Deus porque assim como o nascimento em um determinado corpo concretamente é necessário para o nosso desenvolvimento, também a libertação pela morte foi prevista para nos livrarmos do instrumento superado, enquanto a ressurreição e renascimento sob a sorridente céu de um novo ambiente nos oferece uma outra oportunidade para começar a vida com uma folha limpa e aprender as lições que não entendemos antes. Por este método, seremos um dia tão perfeitos como é o Cristo Ressuscitado. Ele assim nos ordenou e vai-nos ajudar a obtê-lO.

in “A Interpretação Mística da Páscoa” de Max Heindel


JFM - Lisboa - Portugal


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