quinta-feira, 3 de novembro de 2011

CONHECIMENTOS, EPISÓDIOS E HISTÓRIA DA GNOSE NA ERA DE AQUÁRIO

Estava o Mestre há pouco tempo em Santa Marta, quando o Dr. Romero lhe falou na minha pessoa, interessando-se ele vivamente em me conhecer e tal motivou que antes de decorrido um mês já havíamos estabelecido uma relação. Eu convidei-o então para se mudar para Ciénaga com a sua família e ele aceitou. No final do mês de Setembro viajou, instalando-se, no início, num pequeno hotel da Praça da Estação, o Hotel Sevilla, que era conhecido por milhares de viajantes que vinham em negócios. Ali ficou o Mestre apenas uma semana, porque como apareceu de entre os estudantes o meu compadre Arango, este levou-o para sua casa que ficava um pouco mais a sul na mesma Praça. Dali foi-se mudando para outros bairros, para evitar as perseguições dos esbirros da saúde pública, uma vez que ele vivia da medicina das plantas e de unguentos.
Chegou a viver nas praias do Sul, fora da cidade, evitando mais perseguições encetadas contra si por não ter diploma de médico, onde era visitado pelos estudantes, o que despertava a curiosidade dos vizinhos que algum tempo decorrido o denunciavam aos médicos da saúde publica.
Um dia fiz-lhe uma visita à hora do almoço. Quando entrei na porta do pátio, chamou-me à atenção um cãozito que dormia perto dum fogão, feito com três simples pedras, entre as quais punha lenha para cozinhar. A minha comadre Arnolda lavava roupa e os filhos pequenos brincavam no chão. Entrei na salinha da casa e encontrei o Mestre, a dormir deitado numas tábuas suspensas por dois bancos de madeira. O quadro era desolador. Dirige-me a ele e perguntei-lhe:
- "Que faz nessa tábua Mestre?"
Ele respondeu:
- "Um jejum forçado".
Retorqui:
- "O que é um jejum forçado?". E ele disse-me então:
- "Um jejum forçado é quando não há nada para comer".
Lembrando-me, então, que também o cãozinho dormia junto ao fogão, disse lhe:
- "Mestre, mas eu tenho aqui com o que comer"- tirei $3.00 e entreguei-lhos.
Ele chamou a esposa sacerdotisa, entregou-lhe o dinheiro dizendo:
- "Negra, já há com que comer".
Ela saiu para o mercado que não era muito longe e pouco depois regressou com os alimentos para cozinhar. Fez uma sopa de lebranche, típica da região, e o Mestre convidou-me a participar daquele banquete tão bom e gostoso que estava ao paladar.
Vieram-me então à mente muitas conjecturas de tipo: "Porque é que este homem, que tanto sabe, tem que viver tão pobremente? Se eu não tivesse chegado, haveria comida para esta família?", e perguntei-lhe:
- "Mestre, o senhor não se preocupa com o dia de amanhã?" Ele respondeu:
" E com o que queres tu que me preocupe?" Disse-lhe:
- "Com aquilo que fará para que amanhã possa voltar a comer."
Ele impávido, respondeu:
- "Diz-me uma coisa, quantos filhos tens?"
- "Quatro filhos"- respondi-lhe. E ele:
- "Bem, os teus filhos alguma vez se preocuparam com o que vão comer no dia seguinte?".
Respondi-lhe que não e ele retorquiu:
- "Porquê?"
Respondi-lhe que os meus filhos não se preocupavam porque sabiam que tinham pai e que ele se preocupava com eles. E ele respondeu então:
- "Exactamente o mesmo acontece comigo, eu tenho o meu Pai e confio nele, ele saberá o que me dar de comer e disso comerão a minha mulher e os meus filhos".


Extrato do Livro: “Conhecimentos, Episódios e História da Gnose na Era de Aquário” –VM Garga Kuichines que pode fazer download gratuitamente AQUI

JFM - Lisboa - Portugal


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