Menga Shan avançava triunfante nos seus estudos, mas nem tudo na vida são rosas; também há espinhos. No mês de Julho, durante o quinto ano de Chindin (1264), infelizmente contraiu disenteria em Chunking. Com a morte nos lábios, decidiu fazer testamento e distribuir os seus bens terrenos. Feito isso incorporou-se lentamente, queimou incenso e sentou-se num lugar elevado. Ali, orou aos Três Bem Aventurados e aos Deuses Santos, arrependendo-se das más acções que cometera na vida.
Convencido e certo do seu fim fez aos inefáveis um ultimo pedido: “Desejo que mediante o poder do Prajna e de um estado mental controlado, eu reencarne num lugar favorável, onde me possa fazer monge desde tenra idade. Se por qualquer eventualidade me restabelecer desta enfermidade, renunciarei ao mundo e tomarei hábitos para levar a Luz a outros jovens budistas”.
Depois de formular tais votos submergiu em profundo silêncio, entoando mentalmente o mantra WU [UUUU UUUU]. A enfermidade atormentava-o, os intestinos torturavam-no espantosamente, porém ele resolveu não lhes dar atenção.
Meng Shan esqueceu-se completamente do seu corpo e as suas pálpebras fecharam-se firmemente, como se estivesse morto. Contam as tradições chinesas que quando Meng Shan entrou em meditação, só o verbo – o mantra Wu – ressoava na sua mente; depois, depois não soube nada de si mesmo…
E a enfermidade? Que se passou com ela? O que aconteceu?
É evidente que toda a afecção, doença, dor tem por base determinadas formas mentais. Se conseguirmos o esquecimento radical, absoluto de qualquer padecimento, o cimento intelectual dissolve-se e a indisposição orgânica desaparece.
Quando Meng Shan se levantou do seu lugar no começo da noite, sentiu com infinita alegria que estava quase curado. Voltou a sentar-se e continuou submerso em profunda meditação até á meia-noite, quando a sua cura se completou. No mês de Agosto, Meng Shan foi a Chiang Ning e cheio de fé ingressou no sacerdócio. Permaneceu um ano naquele mosteiro e depois iniciou uma viagem durante a qual ele mesmo cozinhava os seus alimentos, lavava as suas roupas e cuidava das suas necessidades, Compreendeu, então, na íntegra, que a tarefa da meditação deve ser tenaz, resistente, forte, firme e constante, sem nunca se cansar.
(Texto lido e adaptado do Curso de Iniciação à Gnose da Fundasaw)
JFM - Lisboa- Portugal
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