Vamos começar a nossa
cátedra desta noite
Certamente, a
humanidade vive entre o batalhar das antíteses, entre a luta cruenta dos
opostos. Algumas vezes, encontramo-nos muito alegres e contentes, outras
achamo-nos deprimidos e tristes.
Temos épocas de
progresso e bem-estar, uns mais que outros, de acordo com a Lei do Karma;
também temos épocas críticas no lado económico, social, etc. Às vezes nos
encontramo-nos mais optimistas com relação à vida, e outras sentimo-nos
pessimistas.
Sempre que após uma
época de alegria e contentamento, já sabemos
se segue uma outra mais depressiva, dolorosa, etc. Ninguém ignora que
sempre estamos submetidos a muitas alternâncias no terreno prático da vida.
Normalmente, as épocas que chamamos felizes são seguidas por épocas
angustiantes.
Esta é a Lei do
Pêndulo, que governa, realmente, nossa vida. Vocês já viram, por exemplo, o
pêndulo de um relógio; assim como sobe pela direita, logo se precipita para
subir pela esquerda.
Não há dúvida de que
a Lei do Pêndulo governa também as nações. Por exemplo, na época em que o
Egipto florescia às margens do Nilo, o povo judeu vivia como nómada no deserto.
Muito mais tarde, quando o povo egípcio decaiu, o povo hebraico levantou-se
vitorioso; é a Lei do Pêndulo. Uma Roma triunfante sustentou-se sobre os ombros
de muitos povos, mas depois caiu, com a Lei do Pêndulo, e estes povos
levantam-se vitoriosos.
A Rússia, por
exemplo, se apaixonou terrivelmente pela dialéctica materialista, mas agora o
pêndulo começa a mudar, está a passar para o outro lado, e, como resultado, a
dialéctica materialista está a ficar ou já ficou completamente ultrapassada, já
não tem valor algum. Hoje em dia, devemos à Rússia a maior produção em termos
de Parapsicologia.
Já está comprovado
por dados que a União Soviética está produzindo a maior quantidade de estudos
relacionados com a parapsicologia. Usa-se o hipnotismo nas clínicas, a
parapsicologia nos hospitais, etc. Continuando assim, dentro de pouco tempo a
Rússia terá passado exactamente para o lado oposto do materialismo, se tornará
absolutamente mística e espiritual. E isto já vai acontecendo, muitos paladinos
místicos estão-se a destacar na Rússia.
E a dialéctica de
Marx? Pois ficou encostada, está praticamente caindo no fosso do esquecimento,
para dar lugar à parapsicologia e posteriormente ao Esoterismo Científico, ao
Ocultismo, Yoga, etc., porque o pêndulo está mudando, está passando para o
outro lado, da tese à antítese.
Todos os seres
humanos dependem da Lei do Pêndulo, isto é óbvio. Temos bons amigos e, se
sabemos compreendê-los, é claro que podemos conservar a sua amizade; seria
absurdo exigir que nossos amigos não estivessem submetidos à Lei do Pêndulo.
Portanto, não deve
parecer-nos estranho que um amigo, com o qual sempre tivemos boas relações, nos
apareça de um dia para o outro com o cenho franzido, iracundo, espinhoso, de
mal humor, com palavras duras, etc. Neste caso, é melhor fazer uma vénia
respeitosa e retirar-nos, para que o amigo tenha tempo de desafogar-se. E só
porque nos mostrou má cara num dia, nós não devemos desanimar, mas sim
compreendê-lo, porque não há ser humano que não esteja submetido à Lei do
Pêndulo.
Assim, vale a pena
sermos reflexivos.
Entendo que a Lei do
Pêndulo se faz muito evidente especialmente entre os nativos de Gémeos (de 21
de Maio a 21 de Junho). Estes nativos de Gémeos têm, como se diz, dupla
personalidade. Como amigos, são extraordinários, maravilhosos, chegam até a se
sacrificar por suas amizades; mas, quando muda a personalidade, então se tornam
o oposto e todo o mundo fica desconcertado.
Este é precisamente
um exemplo do que é a Lei do Pêndulo. Não quero dizer que isto seja exclusivo
deles, em questão da Lei do Pêndulo. Mas pelo menos especificam-no,
evidenciam-no, servem como padrão de medidas e
indicam-nos o que é, em realidade e de verdade, esta Lei.
Quando conhecemos os
nativos de Gémeos, sabemos manejá-los. Quando se manifesta a personalidade
fatal ou negativa, não colocamos nenhuma resistência e, pacificamente,
aguardamos que a personalidade simpática volte à actividade.
Tudo isto é
interessante, mas a Lei do Pêndulo não é demonstrada apenas pelos nativos de
Gémeos; podemos também evidenciá-la em nosso organismo. Existe uma diástole e
uma sístole no coração, esta é a lei do Pêndulo. Diástole vem de uma palavra
grega que significa reorganizar, preparar, acumular, etc. Sístole significa
contracção, impulso, direcção, de acordo com certas palavras gregas.
Durante a diástole, o
coração se abre para receber o sangue, mas também o organizar, prepara, etc.,
até que toma uma nova iniciativa, contrai-se e lança-o para todo o organismo;
este lançamento é importante, é por ele que existimos.
Mas dou conta de que
as pessoas compreendem que há uma sístole e uma diástole, mas não entendem que
entre a diástole e a sístole existe uma terceira posição, a da preparação,
ordenamento, acumulação de potências vitais, etc.
Podem dizer que muito
breve o intervalo entre a sístole e a diástole e isto percebe-se, são milésimos
de segundo. Para nós é muito fugaz, mas, para o mundo maravilhoso do
infinitamente pequeno, para o mundo extraordinário do microcosmos, é suficiente
para realizar prodígios.
Olhando as coisas
deste ângulo, parece-me que nós deveríamos nos orientar através desta questão
da sístole, da diástole e sua síntese organizativa, isso é óbvio.
As pessoas, nas suas
relações ou inter-relações, vivem completamente escravizadas pela Lei do
Pêndulo. Tão logo sobem com uma alegria transbordante, cantando vitória, como
vão para o outro lado, deprimidas, pessimistas, angustiadas, desesperadas.
Todas se complicam
com a Lei do Pêndulo. Os altos e baixos das finanças, as épocas de maravilhosa
harmonia entre os familiares, os tempos de conflitos e problemas, tudo sucede,
inevitavelmente, de acordo com a Lei do Pêndulo.
Em nosso modo de ver
as coisas, podemos assegurar, de forma enfática, que a Lei do Pêndulo é cem por cento
mecânica. Temos a Lei do Pêndulo em nossa mente, em nosso coração e também no
centro motor-instintivo-sexual. É óbvio que em cada centro existe a Lei do
Pêndulo.
Na mente, está
perfeitamente definida pelo batalhar das antíteses, as opiniões contrárias,
etc. No coração, com as emoções opostas, os estados de angústia e de
felicidade, de optimismo e depressão.
No centro
motor-instintivo-sexual, se manifesta nos hábitos, costumes e movimentos.
Franzimos o cenho, ficamos angustiados quando estamos deprimidos; ou sorrimos
alegres sob o impulso do centro motor quando estamos contentes, etc. Pulamos de
alegria com uma boa notícia, ou os joelhos tremem na iminência do perigo. Tese
e antítese do centro motor, a Lei do Pêndulo no centro motor.
Conclusão: somos
escravos de uma mecânica; se alguém nos dá uns tapinhas no ombro, sorrimos
tranquilos; se alguém nos dá uma bofetada, respondemos com outra; se alguém nos
diz umas palavras de elogio, nos sentimos felizes, mas se alguém nos fere com
uma palavra agressiva, nos sentimos terrivelmente ofendidos. Realmente, somos
maquininhas submetidas à Lei do Pêndulo, cada qual pode fazer de nós o que bem
quiser.
Querem ver-nos
contentes? É só nos dar uma quantas palmadinhas no ombro, alguns elogios ao
ouvido e estamos felicíssimos.
Querem ver-nos cheios
de ira? Basta que digam uma palavra que nos fira o amor próprio, qualquer
palavra dura, e nos verão ofendidos, iracundos.
Assim, a psique de
cada um de nós, em realidade de verdade, está submetida ao que os outros
querem. Não somos (e é triste dizer) donos de nossos próprios processos
psicológicos, qualquer um pode controlar nossos processos psicológicos, somos verdadeiras
marionetas que qualquer pessoa controla.
Se quero vê-los
contentes, basta adoçar o ouvido de vocês, elogiá-los, e os verei felizes. Se
eu quero que vocês fiquem desgostados comigo, me ponho a ofendê-los e vocês
então franzem o cenho, já não me olham com doces olhos como estão me olhando
agora, mas de forma iracunda, com
olhos de pistola?.
Mas se quero tornar a
vê-los contentes, volto e digo umas palavrinhas doces e vocês voltam a estar
contentes e a me olhar docemente. Conclusão: vocês se convertem para mim em um
instrumento onde posso tocar melodias doces, graves, agressivas, românticas,
como quiser.
Onde está então a
individualidade das pessoas? Pois se não são donos de seus próprios processos
psicológicos, não a possuem. Quando alguém não é dono de seus próprios
processos psicológicos, não pode dizer, realmente, que tem individualidade.
Vocês saem, por
exemplo, à rua; vão muito contentes, enquanto não haja nada que os desgoste.
Talvez estejam dirigindo seu carrinho e vem um louco desses que andam pela
cidade e lhes dá uma fechada; e vocês ficam terrivelmente ofendidos. Se neste
momento não protestam com a palavra, pelo menos protestam com a buzina, mas sem
protestar é que não ficam.
Quer dizer, quem
estava no outro carro nos fechou, nos aborreceu, nos incomodou, nos fez mudar
totalmente. Se estavam felizes, se encheram de ira; então, quem estava no carro
pôde mais que vocês, pode controlar a psique de vocês, e vocês não puderam.
Vão vendo, então, o
que é a Lei do Pêndulo. E haveria alguma maneira de escapar desta terrível lei
mecânica do pêndulo?
Vocês acham que há
alguma maneira de escapar? Se não houvesse, estaríamos condenados a viver uma
vida mecânica, per secula seculorum, amén...
Obviamente, tem que
haver algum sistema que nos permita evadir esta lei, ou controlá-la. Existe,
realmente; temos que aprender a tornar-nos compreensivos, aprender a ver as
coisas na vida tal e como são.
Obviamente, qualquer
coisa na vida tem duas caras. Uma superfície qualquer nos está indicando a
existência de uma face oposta, isso é inquestionável. O anverso de uma medalha
nos sugere o reverso da mesma. Tudo tem duas caras, as trevas são o oposto da
luz. Nos mundos supra-sensíveis, pode-se evidenciar que ao lado de um Templo de
Luz existe sempre um templo tenebroso, isso é claro.
Mas porque cometemos
o erro de alegrar-nos diante de algo positivo e de protestar contra algo
negativo, se são duas caras de uma mesma coisa? Penso que nosso erro mais grave
consiste precisamente em não saber olhar as duas caras de qualquer coisa ou
qualquer circunstância, etc. Sempre vemos apenas uma face, nos identificamos
com ela, sorrimos, mas quando se nos apresenta a antítese da mesma,
protestamos, rasgamos nossas vestes, trovejamos e relampejamos. Não queremos,
em verdade, cooperar com o inevitável e este é precisamente o nosso maior erro.
Há vezes em que nos
apaixonamos por um prato da balança e outras vezespelo outro prato; há vezes
que vamos a um extremos do pêndulo e há vezes em que vamos ao outro, e, por
este motivo, não existe paz em nós, nossas relações são péssimas, conflituosas.
A toda época de paz
sucede uma época de guerra e a toda época de guerra sucede uma época de paz.
Somos vítimas da Lei do Pêndulo e isso é doloroso. A isto se deve,
precisamente, a tempestade de todos os exclusivismos, a luta de classes, os
conflitos entre o capital e os trabalhadores, etc.
Se pudéssemos ver as
duas caras de qualquer questão, realmente tudo seria diferente; mas
infelizmente nos falta compreensão.
Se queremos ver as
duas caras de qualquer questão se faz necessário (no meu modo de entender as
coisas) viver, não dentro da Lei do Pêndulo, mas dentro de um círculo fechado,
um Círculo Mágico.
Imaginemos um círculo
mágico ao redor de nós mesmos. Por este círculo vão passando todos os pares de
opostos da Filosofia, as teses e antíteses, as circunstâncias agradáveis e
desagradáveis, as épocas de triunfo e fracasso, o optimismo e o pessimismo, o
que chamam de bom e o que as pessoas chamam de mau, etc.
Ao redor deste
Círculo Mágico podemos ver um desfile muito interessante. Descobriremos, por
exemplo, que a toda alegria sucede, em seguida,estados depressivos,
angustiosos, dolorosos. Quando as pessoas mais dão gargalhadas, maiores serão
as lágrimas e o pranto.
Observem, vocês já
devem ter visto na vida instantes em que todo o mundo ri, na família todos
estão contentíssimos, não há senão gargalhadas e alegria... Mau sinal... Quando
alguém vê isso em uma família, pode profetizar (seguro de que não vai falhar),
que para essa família vem um sofrimento e que todos vão chorar.
Isto é certo, porque
tudo é dual na vida. A expressão facial da gargalhada é seguida por outra
expressão facial fatal, de suprema dor e
pranto. Aos gritos de alegria sucedem os gritos de dor.
Tudo tem duas caras,
a positiva e a negativa, isso é óbvio. Vejam por exemplo este signo esotérico.
Observem o reflexo no solo, a sombra. O que se vê? O Diabo, e, no entanto, é o
signo do Esoterismo; mas sua sombra, obviamente, tem a cara do Diabo. Tudo é
dual na vida, não há nada que não seja dual.
Quando alguém se
acostuma a ver as coisas desde o centro de um Círculo Mágico, tudo muda, e a
pessoa se libera da Lei do Pêndulo.
Em certa ocasião,
tive o corpo físico de Tomas de Kempis, e escrevi em uma obra chamada ?Imitação
de Cristo?, a seguinte frase: Não sou mais porque me elogiem, nem menos porque
me critiquem, porque sempre sou o que sou?. Isso é claro, tudo tem duas caras;
o elogio e o vitupério, o triunfo e a derrota... Tudo tem duas caras.
Quando alguém se
acostuma a ver qualquer coisa, qualquer circunstância, qualquer acontecimento,
de forma íntegra, uni-total, com suas duas caras, pois evita muitos desenganos
na vida, muitas frustrações, muitas decepções.
Se alguém tem um
amigo, deve compreender que este amigo não é perfeito, que tem seus agregados
psíquicos,, que em qualquer momento poderia passar de amigo a inimigo (o que é
inclusive normal). E no dia em que isso aconteça de verdade, quando este
acontecimento se realize, já não passará por nenhuma desilusão, está curado na
saúde, isso é óbvio.
Recordo quando
comecei com o Movimento Gnóstico. Umas três ou quatro pessoas me seguiam, eu
havia posto todo meu coração nelas, lutando por ajudá-las, para que saíssem em
corpo astral, na meditação, no estudo da Gnose, etc. Consegui formar um
grupinho, e esperava tudo, menos que, alguém do grupo se retirasse, pois eu
estava totalmente dedicado a formar este grupo com muito amor.
Claro, quando alguém
do grupo se retirou, senti com se tivessem me cravado um punhal no coração.
Disse: Mas eu lutei tanto por este amigo, queria que ele avançasse pelo
Caminho, não lhe fiz nenhum mal, porque me traiu?
Afiliou-se a outra
escola. Eu poderia pensar tudo, menos que alguém que estivesse recebendo os
ensinamentos se afiliasse a outra escolinha. No entanto, resolvi continuar
estoicamente meu trabalho. O grupo foi aumentando e chegou o dia em que havia
muita gente.
Naquela época me foi
dito, nos Mundos Superiores, que o Movimento Gnóstico era um trem em marcha,
que uns passageiros desciam e uma estação e que outros subiam em outra estação,
mais adiante desciam outros e muito mais adiante subiam outros. Conclusão, era
um trem em marcha e eu era o maquinista que ia conduzindo a locomotiva.
Portanto, não deveria preocupar-me.
Foi o que entendi e
mais tarde pude comprovar isto.. Uns passageiros subiam em uma estação e
desciam mais à frente, e assim sucessivamente. Desde então me tornei estóico. E
também vi que se retirava um e chegavamdez.
E disse: bem, então
não há porque preocupar-me tanto?. Desde aquela época, depois de um grande
sofrimento por causa de um que se retirou, aprendi que raro é aquele que chega
à estação final. Isso me custou muita dor. Hoje, quando um irmão se retira,
pois que vá bem. Já não sou aquele que se enchia de terrível angústia,
desesperado por causa do irmãozinho. Esta época já passou. Se um se retira,
chegam dez, chegam vinte. O que é uma pessoa, quando há tanta gente? Não
devemos brigar por causa das pessoas, isso é claro.
Todos estão
submetidos à Lei do Pêndulo. Os que hoje se entusiamam pela Gnose, amanhã se
desiludem. Isso é normal, todos vivem dentro desta mecânica.
Então, aprendi a ver
as duas caras de cada pessoa. Alguém se afilia à Gnose, o ajudo e tudo o mais,
mas estou absolutamente certo de que esse alguém não vai permanecer connosco
durante toda a vida, que esse alguém não vai chegar à estação final. Como sei
disso antecipadamente, estou curado na saúde.
Me coloco exactamente
no centro do Círculo Mágico, para ver tudo o que vai passando pelo círculo,
cada circunstância, cada pessoa, cada acontecimento com suas duas caras, a
positiva e a negativa,. Se alguém se situa no centro e vê passar tudo ao seu
redor, sem tomar partido pela parte positiva ou pela parte negativa de qualquer
coisa,, pois evita muitos desenganos, muitos sofrimentos.
O erro mais grave na
vida consiste em querer ver apenas uma cara de qualquer questão, uma cara de
uma amizade, uma cara de uma circunstância, uma cara de um objeto qualquer, uma
cara de um acontecimento. Isso é grave, porque tudo é dual.
Quando vem a parte
negativa, então a pessoa sente como se lhe cravassem sete punhais no coração.
Há que aprender a viver, meus amigos, há que saber viver, se vocês querem
chegar longe, não como muitos. Porque se vocês vêem unicamente uma cara, e não
vêem a antítese, a outra cara, a fatal, terão que passar por muitos desenganos,
por muitos desencantos, por muitos sofrimentos, acabam doentes e ao fim morrem.
Mataram, por ex., a
pobre Blavatsky. Quem a matou? Todos os seus caluniadores, detractores e inimigos
secretos, e amigos (esses que se dizem amigos). Simplesmente a assassinaram,
não com pistolas, ou com facas, não, não, não; falaram mal dela, a caluniaram
publicamente, a traíram, etc., etc., e outras coisas mais. O resultado foi que
a pobre morreu cheia de sofrimento.
Eu, francamente,
lamento muito, mas esse gosto não vou dar a todos os irmãozinhos do Movimento.
Eu vejo, em cada irmãozinho, duas caras Um irmão que hoje está connosco, que
estuda nossa doutrina, o aprecio, o amo, mas no dia em que se retira, para mim
é normal que se retire, o que acho estranho é que alguém dure muito tempo.
Mas para entender
essa horrível lição, tive que sofrer fortemente. Os primeiros, foi como se me
cravassem um punhal no coração. Depois, me tornei melhor, parece que me formou
um calo no coração.
Assim, o que
aconteceu com Blavatsky não vai acontecer comigo, porque eu estou olhando as
duas caras de qualquer questão, estou em uma terceira posição. Na posição que
fica o coração quando está se preparando para a sístole. Ele está em estado de
alerta, absorvendo (em suas profundidades), preparando, organizando, para
depois recolher-se, comprimir-se e lançar o sangue em todo o organismo. Este
terceiro aspecto é muito útil.
Melhor dizendo, considero que o melhor é viver
no centro do Círculo Mágico que nos extremos do Pêndulo. Este centro, no
Oriente, especialmente na China, se chama Tao.
Tao é o Trabalho
Esotérico Gnóstico, Tao é o Caminho Secreto, Tao é INRI, Tao é o Ser. Quando
alguém vive no centro do círculo, não está submetido a esse joguinho mecânico
da Lei do Pêndulo, não está submetido às alternâncias de angústia e alegria, de
triunfo e fracasso, de prazer e dor, optimismo e pessimismo, etc., não, se
liberou da Lei do Pêndulo, isso é óbvio.
Mas, repito, há que
aprender a ver as duas caras de cada coisa, a positiva e a negativa, e não
identificar-nos nem com uma nem com outra, porque ambas são passageiras, tudo
passa na vida, tudo passa...
Dentro do mundo que
poderíamos chamar de intelectual, sempre senti certa aversão às opiniões.
Porque tenho entendido que uma opinião emitida não é mais que uma
exteriorização intelectual de um conceito, com temor de que outro seja o
verdadeiro. Isso, naturalmente, acusa extrema ignorância, isso é grave, aí
estão as antíteses.
Ainda não entendo,
não compreendo, porque motivo certa pitonisa sagrada disse a Sócrates que havia
algo entre a Sabedoria e a ignorância, e que esse algo, era a opinião.
Francamente, ainda que essa pitonisa seja muito sagrada, não posso aceitar sua
tese, porque a opinião vem da Personalidade, e não do Ser.
A Personalidade,
realmente, conduz os seres humanos à involução submersa dos Mundos Infernos.
Como lhes dizia em certa ocasião, a Personalidade é múltipla, tem muitas
transformações, é artificial, é formada pelos costumes que nos ensinaram, pela
falsa educação recebida nas escolas e colégios, que nos separou do Ser, e que
não guarda nenhuma relação com as diferentes partes do Ser.
A Personalidade é
artificial. E como nos afasta de nosso próprio Ser Interior Profundo,
obviamente nos conduz pelo caminho equivocado que nos leva até a involução do
Reino Mineral Submerso.
De modo que penso
(estou pensando alto) que quando alguém sabe de alguma coisa, é melhor calar-se
que opinar, porque a opinião é o produto da ignorância. Alguém opina porque
ignora, se não, não opinaria. Alguém emite um conceito com o temor de que outro
seja o verdadeiro. Vejam esse dualismo da mente essa lei terrível do pêndulo; a
uma opinião se contrapõe outra.
A Personalidade se
move dentro da Lei do Pêndulo, vive no mundo das opiniões contrapostas, dos
conceitos contrários, do batalhar das antíteses. Então a Personalidade não sabe
nada e a opinião é produto da ignorância.
Se analisamos o que é
a Personalidade (que é a que produz a opinião), chegamos à conclusão de que a
opinião é o resultado da ignorância. De modo que o que a pitonisa disse a
Sócrates me parece equivocado.
A pergunta de
Sócrates à pitonisa de Delfos (Diotima, se chamava) sobre o Amor, disse
Sócrates que o Amor é belo, inefável, sublime... A pitonisa lhe responde que
propriamente, não é belo... E Sócrates então diz, assombrado: se não é belo,
então é feio. Não podes ver senão o feio, como se não existisse mais que o feio
Não podes conceber que entre o belo e o feio há alguma coisa diferente O Amor
não é nem belo nem feio, é diferente, isso é tudo. Sócrates, como era um Sábio,
teve que guardar silêncio.
Claro, como estou
pensando aqui em voz alta com vocês, os convidaria à reflexão. Como vêem vocês
o Amor? Como? Não como alguém disse que é, mas como vocês o sentem? Belo ou
feio? Algum de vocês pode me dar uma resposta? Quem ousaria responder?
Mestre, quando alguém
está enamorado, o Amor é belo, mas se alguém recebe uma desilusão, o que era
belo se torna feio...
Sempre se relacionou
a beleza com o Amor, e o feio com a antítese do Amor. Estes são aspectos
psicológicos, porque nossas avós, quando nos falavam das fadas, por serem boas,
as descreviam belas, e os ogres, porque eram mais, eram feios. Creio que a
resposta está além desses conceitos.
As respostas estão
boas, mas devemos diferenciar entre o que é o belo e o que é o Amor. De modo
que a coisa não está muito completa. Vamos ver outro...
Pressinto que o Amor
está além deste par de opostos, transcende o belo e o feio...
A resposta está muito
interessante. Vamos ver...
O Amor é inefável
porque não é uma questão intelectual, é uma emoção que poderíamos chamar de
sublime...
Esta resposta está
mais transcendental.
Mestre, eu considero
que o Amor é indescritível, quando alguém sente Amor, não se pode manifestar
com palavras.
Mestre, eu diria que
para nós é muito difícil dizer se o Amor é belo ou feio, porque nós não
conhecemos o Amor. Estamos em vias de conhecer o Amor. Só um Ser superior sabe
o que é o Amor.
Bom, vamos ver a última
das respostas...
Penso que do ponto de
vista de nossa personalidade humana, tudo é relativo, tudo depende das
circunstâncias. Aprofundando, penso que isto pertence realmente ao Ser, e não à
personalidade humana...
O Amor é como o Ser,
a única razão de ser do Amor é ele mesmo...
Eu conceituo que o
Amor consiste em se harmonizar com tudo e com todos...
Está bem. Mas, em
realidade e de verdade, quando a pitonisa de Delfos falou com Sócrates,
insinuou praticamente uma verdade. O Amor está além do belo e do feio. Que a
beleza vem do Amor, isto é outra coisa. Por exemplo, quando se dissolve o Ego,
fica em nós a Beleza interior, e dessa beleza surge isso que se chama Amor.
De modo que o Amor,
em si mesmo, está além dos conceitos existentes sobre a feiura e a beleza. Não
se pode definir, porque se o definimos, o desfiguramos.
E então a pitonisa
teria razão? Sim. O Amor está além dos conceitos de feiura e beleza, ainda que
o Amor venha da beleza e tenha como resultado a beleza. Onde existe verdadeiro
Amor, existe beleza interior, isso é óbvio.
Assim, irmãos, entre
a tese e a antítese, sempre existe uma síntese, que reconcilia os opostos.
Vejamos isto. Sabemos que existe uma grande batalha entre os poderes da Luz e
os poderes das Trevas. No mesmo Esperma Sagrado, existe uma luta entre os
poderes atómicos da Luz e os poderes atómicos das Trevas. Em toda a criação
existe esta grande luta, as colunas de Anjos e Demónios se combatem mutuamente
em todos os rincões do Universo.
Quando alguém ainda
não tem a Pedra Filosofal, vê como impossível a reconciliação dos opostos. Mas
quando alguém consegue a Pedra dos Filósofos, a Pedra da Serpente (a base de
muitos trabalhos conscientes e padecimentos voluntários), então, mediante a
mesma, consegue reconciliar os opostos, os reconcilia em si mesmo, porque
reconhece que tudo na criação tem duas caras, e só mediante uma terceira
posição, isto é, só mediante o Tao ( no centro do Círculo Mágico), só mediante
a síntese, podemos reconciliar os opostos dentro de nós mesmos, isso é óbvio.
Assim, se faz
necessário que aprendamos a reconciliar os opostos, se faz necessário
libertar-nos da Lei do Pêndulo, e que vivamos melhor dentro de Lei do Círculo.
Alguém se liberta da
Lei do Pêndulo quando se coloca na Lei do Círculo, quando se coloca no Tao, que
está no centro do Círculo Mágico. Porque então tudo passa ao seu redor, ao
redor da Consciência da pessoa. Em círculo, pela Consciência redonda da pessoa,
e passam os distintos acontecimentos com suas duas caras, as coisas, com suas
duas posições, as circunstâncias, etc., os triunfos e as derrotas, os êxitos e
fracassos.
Tudo tem duas caras e
alguém. Situado no centro, reconcilia os opostos, já não teme um fracasso
económico, já não seria capaz de dar um tiro na cabeça porque perdeu sua fortuna
da noite para o dia, como fizeram muitos jogadores no Casino de Montecarlo,
perdem sua fortuna e se suicidam; já não vão sofre pela traição dos amigos, se
tornam invulneráveis ao prazer e à dor.
Vejam como é
extraordinário, maravilhoso. Mas se não aprendemos a viver dentro do círculo,
se não nos situamos exactamente no Tao (ponto central do Círculo Mágico),
continuaremos como estamos, expostos à Lei trágica e mutável do Pêndulo, que é
completamente mecânica e dolorosa.
Assim, meus queridos
amigos, devemos aprender a viver inteligentemente, conscientemente, isso é
óbvio. Infelizmente, toda a humanidade está submetida à Lei do Pêndulo. Vejamos
como a mente passa de um lado para o outro, isso é fatal.
Tenho visto que não
há ninguém, em realidade de verdade, que não esteja submetido a essa questão
das objecções Chega alguém e nos diz alguma coisa, alguma frase. Qual é a
primeira coisa que nos ocorre? Objectar, colocar tal ou qual objecção!
Esta é a Lei do
Pêndulo. Diga-me que eu te direi. Me derrube que eu te derrubo depois. O
resultado é a dor, e isto é terrível. Porque temos que estar colocando
objecções, irmãos?
Neste momento, me vem
à mente um caso interessante. Há muitos, muitíssimos anos, encontrando-me no
Mundo Astral, em Hod, no Sephirot Hod, internado neste Sephirot, invoquei um
Deiduso, Anjo ou Elohim, ou como vocês queiram denominá-lo, ou Deva. Aquele
Deiduso me disse algo, e imediatamente objectei, fiz reluzir a antítese; de
forma mais vulgar diria a vocês que refutei.
Eu esperava que
aquele Deiduso discutisse comigo também, mas isso não aconteceu. Aquela Seidade
me escutou com infinito respeito e profunda veneração. Coloquei muitíssimos
conceitos e quando terminei, e pensava que ele ia tomar a palavra para
refutar-me, com grande espanto vi que fez este signo, se inclinou
reverentemente, deu as costas e se foi, deu meia volta e se foi.
Deu-me uma lição
extraordinária, não objectou nada. Obviamente, aquele Deiduso havia passado
além das objecções. É indubitável que as objecções pertencem à Lei do Pêndulo;
enquanto alguém estiver objectando, está submetido à Lei do Pêndulo.
Todo o mundo tem o
direito de emitir sua opinião, cada qual é livre para dizer o que quiser. Nós
devemos, simplesmente, escutar quem está falando, com respeito. Terminou de falar?
Nos retiramos...
Claro, alguns não
procedem assim, ou não procederão desta forma. Por orgulho, dirão: eu não me
retiro. Tenho que dar o troco. Eis aí o orgulho supino, intelectualóide. Se não
eliminamos de nós mesmos o Eu do orgulho, é óbvio que tampouco jamais
conseguiremos a Liberação Final.
O melhor é que cada
qual diga o que tem que dizer e que não ponhamos objecções, porque cada qual é
livre para dizer o que quiser, simplesmente. Mas as pessoas vivem sempre
colocando objecções, objectam o interlocutor e objectam a si mesmas também.
Claro, isto não
significa que não exista agrado ou desagrado, é óbvio que existe. Suponhamos
que alguém coloca a qualquer um de nós para limar uma pocilga, onde vivem os
porcos, creio que este não seria precisamente um trabalho muito agradável.
Teríamos direito a
não considerar agradável, mas uma coisa é que o trabalho não nos pareça
agradável, e outra coisa muito diferente é que ponhamos objecções, que
comecemos a protestar: Mas que porcaria, meu Deus, nunca pensei que fosse cair
tão baixo; que desgraçado sou, etc., etc., limpando uma pocilga, onde foi que
vim parar?..
Com isto, a única
coisa que a pessoa consegue é fortalecer tremendamente
os eus da ira, do
amor próprio, do orgulho, etc.
Também o caso de uma
pessoa que, em princípio, nos desagrada. É que não vou com a cara desta
pessoa... Mas uma coisa é que não nos agrade, em princípio, e outra coisa é
estarmos protestando contra esta pessoa: É que não vou com a cara desta pessoa,
esta pessoa é um problema; e que fiquemos buscando subterfúgios para
apunhalá-la, para eliminá-la.
Com as objecções, a
única coisa que conseguimos é multiplicar a antipatia em nós, robustecer o Eu
do ódio, robustecer o Eu do egoísmo, o Eu da violência, o Eu do Orgulho, etc.
Como fazer nestes
casos em que uma pessoa não nos é grata? É que todos nós devemos conhecer a nós
mesmos, para ver porque não nos é grata uma tal pessoa. Pode acontecer que esta
pessoa está exibindo alguns dos defeitos que nós também possuímos.
Temos dentro de nós o
Eu do amor-próprio e, se alguém exibe alguns desses defeitos interiores, é
óbvio que não vamos com a cara desse alguém. De modo que, em vez de estarmos
colocando objecções à esta pessoa (protestando, brigando), mais vale nos
auto-explorarmos, para conhecer qual é o elemento psíquico que carregamos
interiormente e que origina esta antipatia.
Pensemos em que se
descobrimos tal elemento e o dissolvemos, a antipatia cessa. Mas se nós, em vez
de investigar a nós mesmos, colocamos objecções, protestamos, trovejamos,
relampejamos, contra a tal pessoa, fortaleceremos o Eu, isto é indubitável.
Dentro do mundo do
intelecto, não há dúvida de que estamos sempre colocando objecções. Isto produz
a divisão intelectual, a mente se divide entre tese e antítese, se converte em
um campo de batalha que destroça o cérebro.
Observem como as
pessoas que se dizem intelectuais são cheias de estranhas manias, alguns deixam
o cabelo desalinhado, se coçam espantosamente, fazem mil palhaçadas; claro, é
produto de uma mente mais ou menos deteriorada, destruída pelo batalhar das
antíteses.
Se a todo conceito
colocamos uma objecção, nossa mente termina brigando sozinha. Como
consequência, vêem enfermidades ao cérebro, as anomalias psicológicas, os
estados depressivos da mente, o nervosismo, que destrói órgãos muito delicados
como o fígado, o pâncreas, o baço, etc.
Mas se nós aprendemos
a não ficar fazendo objecções, e deixar que cada qual pense como quiser, que
diga o que quiser, terminarão as lutas dentro do intelecto e em seu lugar virá
uma Paz verdadeira.
A mente das pobres
pessoas briga o tempo todo. Briga consigo mesma espantosamente, e isto nos
conduz por um caminho muito perigoso, que leva a enfermidades do cérebro e de
todos os órgãos, destruição da mente, muitas células são queimadas inutilmente.
Há que viver em santa paz, sem fazer objecções, que cada qual diga o que quiser
e pense o que quiser. Nós não devemos fazer objecções, assim andaremos como
deve ser, conscientemente.
Temos que aprender a
viver. Infelizmente, não sabemos viver, estamos metidos dentro da Lei do
Pêndulo. Mas reconheço aqui, conversando com vocês, que não é coisa fácil não
colocar objecções.
Saímos daqui, tomamos
o nosso carrinho e logo adiante alguém vem e o fecha. Se não dizemos nada, pelo
menos tocamos a buzina em sinal de protesto. Ainda que seja buzinando, mas
protestamos.
Se alguém nos diz
algo, num momento que abandonamos a guarda, é certo que protestamos, fazendo
objecções.
É muito difícil,
espantosamente difícil, não fazer objecções. No mundo oriental já se reflectiu
muito sobre este assunto, e também no mundo ocidental. Eu creio que há vezes em
que é necessário apelar a um poder superior a nós mesmos, se é que queremos
liberar-nos desta questão das objecções.
Em certa ocasião, lá
pelas terras do mundo oriental, um monge budista ia caminhando, em um inverso
espantoso, cheio de gelo e de neve, de animais selvagens. Claro que isto
proporcionava sofrimentos ao pobre monge, que, naturalmente, protestava e
colocava objecções.
Mas o pobre teve
sorte. Quando estava quase desmaiando, lhe apareceu em meditação Amitaba
(Amitaba em verdade é o Deus Interno de Gautama, O Buda Sakyamuni) e lhe
entregou um Mantra para que pudesse manter-se forte e não fazer objecções, uma
ajuda para que ele não ficasse protestando toda hora, contra si mesmo, contra a
neve, contra o mundo.
Esse Mantra é
utilíssimo, vou vocalizar bem para que vocês o guardem na memória e para que
fique também gravado nas fitas que vocês trazem em seus gravadores: GAAAATEEEE,
GAAAATEEEE, GAAAATEEEE...
É melhor soletrar,
G A - T - E. Entendo que este Mantra
permitiu àquele monge budista abrir o Olho de Dangma, e isso é interessante, se
relaciona com a iluminação interior profunda e com o Vazio Iluminador...
Houve necessidade
dessa ajuda, porque não é tão fácil deixar de colocar objecções. Um momento em
que a pessoa se descuida da guarda, já está colocando objecções a tudo, à vida,
ao dinheiro, à inflação, ao frio, ao calor, etc., etc. Muitos protestam porque
está fazendo frio, ou porque está fazendo calor, protestam porque não têm
dinheiro, protestam porque um mosquito lhes picou, protestam por tudo.
Em realidade e de
verdade, quando alguém vive fazendo objecções, se prejudica horrivelmente,
porque o que ganha por um lado dissolvendo o Ego, está perdendo por outro lado,
com as objecções.
Se alguém está
lutando por não sentir ira, mas está fazendo objecções, pois o demónio da ira
volta a tomar força. Se está lutando terrivelmente para eliminar o demónio do
orgulho, se coloca objecções à má situação, a isto ou aquilo, volta a
fortalecer esse demónio. Se está fazendo um esforço para acabar com a
abominável luxúria, mas se num dado instante coloca objecções, porque a mulher
não quer ter relações sexuais com ele, ou a mulher, porque o homem não a procura,
e cinquenta mil objecções deste tipo, pois está fortalecendo o demónio da
luxúria.
Assim, se de um lado
estamos lutando por eliminar os agregados psíquicos e por outro os estamos
fortalecendo, simplesmente estancamos. Portanto, se vocês querem, em realidade
e de verdade, eliminar os agregados psíquicos, têm que acabar com essa questão
das OBJECÇÕES. Se não procedem assim, se estancam inevitavelmente, não vão
progredir de maneira alguma. Quero que compreendam isto de uma vez.
Bom, por hoje
terminamos esta cátedra, mas deixamos a porta aberta para
as perguntas que
possam ter...
“Mestre, se diz que o
silêncio é a eloquência da sabedoria, e também se diz que é tão mal calar
quando se deve falar, quanto falar quando se deve calar. Há vezes em que é
necessário falar, talvez em um momento de defesa, quando nos estão atacando,
talvez injustamente. Gostaria que me esclarecesse este aspecto”.
Alguém tem o direito
de falar, porque não é mudo e a língua é dele. Mas o que não é conveniente
jamais, para o nosso próprio bem,, é ficar fazendo objecções, ficar
protestando, trovejando e relampejando, porque está fazendo calor, ou porque
está fazendo frio, desgostado com tudo. Isto nos conduz, naturalmente, ao
fracasso. É necessário, repito, não fazer objecções.
Alguém deve dizer o
que tem que dizer, a verdade e nada mais que a verdade, e deixar aos outros a
liberdade de opinar como quiserem, porque cada qual é livre para dizer o que
quiser. Se alguém não procede assim, se toda hora está fazendo objecções,
destrói sua mente, destrói seu próprio cérebro e causa muito dano a si mesmo,
fortalece o Ego em vez de dissolvê-lo. Alguma outra pergunta?
“Há pessoas que vivem
convencidas de que a um momento de alegria segue um de tristeza. Isto é, se
programa neste sentido, não se colocam dentro do círculo protector.
Evidentemente, isto sucede a essas pessoas, de uma forma infalível, matemática.
Tanto é que não
desfrutam dos momentos de alegria, porque já estão fatalmente temendo o momento
de tristeza. Gostaria que esclarecesse um pouquinho isto”.
Estas pessoas dão
conta, realmente, de que tudo tem duas caras. Mas infelizmente não se colocam
no centro do círculo, no Tao. Quando alguém está no Tao, sabe que vai passar ao
redor de si mesmo, ao redor de sua própria consciência (dentro de si mesmo),
todos os acontecimentos da vida com suas duas caras, e sabe que são
passageiros.
Então, não se
identifica nem com uma cara nem com a outra. Reconcilia os opostos mediante a
síntese. Vejamos o caso de alguém que, por exemplo, está em uma grande festa
(muito contente, muito alegre); mas esse alguém, sabe que todo momento de
alegria é seguido por um de dor. Mas se essa pessoa está situada no centro, no
Tao, então reconcilia os opostos dentro de si mesmo, em seu próprio Ser, em sua
própria Consciência. Diz: Sei que a toda alegria sucede uma tristeza, mas nada
disso me afreta, porque tudo é passageiro, tudo passa; as pessoas passam, as
coisas passam, as ideias passam, tudo passa...
Portanto, pode
perfeitamente viver aquele acontecimento como deve ser. Uma reflexão assim
permitirá a tal pessoa estar no evento sem preocupação alguma. Está consciente,
sabe que está em um momento passageiro, não o alude, o entende, conhece suas
duas caras; simplesmente, o vice com a Consciência. Quando uma pessoa reflecte
assim, actua da mesma forma em que actua o coração, quando na diástole se abre
e recebe, acumula, organiza, elabora, para depois entrar em actividade com a
sístole...
Samael Aun Weor
JFM - Lisboa - Portugal