quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

OS 12 TRABALHOS DE HERCULES - Parte I


Musica: Os 12 Trabalhos de Hércules- Interprete: Zé Ramalho - Editora Sony do Brasil


Esta é apenas mais uma das muitas narrativas que se conhecem sobre os 12  Trabalhos de Hércules. A ordem escolhida e o seu significado são apenas e só o resultado da nossa modesta interpretação. Aqui fica.
Quando Hércules iniciou os seus 12 Trabalhos, Hermes deu-lhe uma espada, Apolo um arco e flechas, Efesto uma couraça em ouro e Ateneia uma túnica. Poseidon ofereceu-lhe cavalos e Zeus um escudo magnífico e impenetrável. O seu sobrinho Iolau participava nesses trabalhos como escudeiro.


1º Trabalho - O LEÃO DE NEMEIA.
O leão de Nemeia era um animal enorme com uma pele tão dura que resistia ao ferro, ao bronze e à pedra, com garras poderosas, que vivia apavorando o povo daquela cidade, que não ousava sair das suas casas com medo de ser devorado pela temível besta. Hércules seguiu o leão até à caverna onde se refugiava e atacou-o com flechas que faziam ricochete. Atacou-o com a espada que se dobrou como chumbo e resolveu, depois de o atordoar com algumas cacetadas desferidas com uma clava feita de madeira que arrancara de uma árvore, lutar com ele corpo a corpo. Meteu a enorme cabeça da besta, cujo rugido era tão forte que abanava as árvores, debaixo do braço e asfixiou-o até à morte.
Depois da morte do leão, Hércules ficou a pensar na melhor forma de esfolar aquela duríssima pele. Por inspiração divina, resolveu faze-lo usando as garras do próprio animal.
Assim e como prémio recebeu o Velocino de Ouro.
Em alquimia o Leão, pela sua força, é a caracterização do enxofre, pronto a provocar toda a série de transformações a que está destinado. O Leão de Nemeia significa a força indomada representada pelas três más vontades: o desejo, a mente e a má vontade. 


2º Trabalho – MORTE DA HIDRA DE CERNA
Conta a lenda que, na antiga terra de Argos, para além do rio Amínomo, ficava o pântano de Cerna. Aí e num ambiente fétido e de odor nauseabundo intenso e indescritível, vivia uma Hidra, um animal fabuloso com um horrível corpo parecido a um enorme cão com sete cabeças. Essas cabeças tinham a particularidade, quando cortadas, de fazerem renascer, do próprio sangue da degola, duas ou até mesmo três em seu lugar. Umas delas, no entanto, diziam ser imortal.
Hércules ao avistar o temível animal lançou-lhe fechas e, ao mesmo tempo que avançava na sua direcção, teve que conter a respiração. Ao segurá-la com as próprias mãos, ela enrolou-se nos seus pés com a intenção de o derrubar. Ao mesmo tempo, saiu do pântano um enorme caranguejo que lhe mordeu um pé e que logo foi morto com um golpe de maça. Empunhando a espada cortou algumas cabeças que logo se reproduziram como era dito. Gritou por auxilio a Iolau que, ateando fogo no bosque, recolheu dali umas sarças ardentes e, à medida que Hércules ia cortando as cabeças, de imediato cauterizava as feridas com fogo. Quando apenas restou a última, ela foi decepada, enterrada numa profunda cova e um enorme rochedo foi-lhe colocado em cima. Impregnou depois as setas com a bílis da Hidra, o que fez com que as flechas provocassem, mesmo quando causavam pequenos ferimentos, a morte imediata do alvo.
A Hidra personifica a mente humana com os seus sete defeitos, que sempre se multiplicam, tal como os egos, em numerosas réplicas. Só através do fogo alquímico a sua erradicação é possível. No entanto, a cabeça que ficou enterrada permanece imortal, logo, pronta a voltar quando o Iniciado se afastar do caminho.


3º Trabalho – A CAPTURA DA CORÇA DE CIRÍNIA.
Este animal de patas de bronze e hastes de ouro, deveria ser capturado vivo e entregue a Micenas.
Essa corça era disputada por Diana e por Artémis a quem esta, inicialmente, o animal estava consagrado. Hércules perseguiu a corça por mais de um ano pois, quando estava prestes a enfrentá-la, as duas deusas procuravam desviar-lhe constantemente a atenção.
Por fim, o animal foi surpreendido enquanto dormia e o herói acertou-lhe com uma flecha que lhe atravessou as patas traseiras, entre o osso e o tendão, sem lhe causar derramamento de sangue. Em seguida rumou a Arcádia, carregando aos ombros a corça para a depositar aos pés de Micenas.
A captura da corça significa a eliminação dos desejos sexuais do íntimo masculino e a sua capacidade de resistir às distracções que o ser feminino lhe proporciona.


4º Trabalho - A CAPURA DO JAVALI DE ERIMANTO.
Este trabalho consistia em capturar, igualmente vivo, um enorme e feroz javali, que vivia no monte Erimanto e ali assustava a população dos lugares próximos. Ao atravessar o campo, Hércules foi abordado pelo centauro Pholos, que lhe deu a comer carne assada, lamentando não lhe poder oferecer de beber, uma vez que o cântaro comunitário apenas podia ser aberto por três centauros e nunca por um só. Hércules disse-lhe então que aquele vinho tinha ali sido deixado por Dionísio, havia quatro gerações, para aquela ocasião. Os outros centauros, quando surpreenderam os dois bebendo, encolerizados, arremeteram ferozmente contra eles. Foram postos em debandada por Hércules que prosseguiu depois o seu trabalho.
O javali tinha-se refugiado num bosque de onde Hércules, com poderosos gritos, o fez sair e correr para uns campos de neve alta onde ficou encurralado. Saltou-lhe para o lombo e acorrentou-o, transportando-o em ombros ao encontro de Micenas.
Este trabalho significa as paixões humanos no geral e, particularmente, a capacidade do íntimo feminino lhes resistir. O cântaro que os zelosos centauros guardam, é o vinho da transmutação, tantas e tantas vezes repetido em tantos e tantos textos sagrados.

JFM - Lisboa - PORTUGAL

Um comentário:

  1. finalmente descobri um blog que fala de gnostismo.

    Pena é ser uma matéria tão pouco divulgada, mas aos poucos vamos sabendo mais.

    Nas minhas aulas da história do Homem era um assunto que me fascinou e fico feliz por poder aprender mais.

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