quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O que fazer quando se sabe o que fazer?

Chico - nome fictício- tem quarenta anos. As pessoas dizem que ele entrou na crise da meia idade e por isso está perdendo o juízo. Quer mudar o mundo. Quer mudar o seu mundo. Não quer mais entregar a “pouca” vida que lhe resta a coisas tão mecânicas como trabalhar, pagar contas, no final de semana assistir um cineminha, tomar uma cervejinha e jogar um “peladinha” com os amigos. Acha que não é só isso. Decidiu buscar algo a mais para si. Quer largar tudo, viajar e conhecer “o caminho das índias”. Encontrar sua verdadeira razão de ser, disso tem certeza. Só que não sabe como. Precisa comer, morar, se vestir, comprar a passagem da viagem e pagar por isso... O que fazer então?
Não se sabe como, Chico sumiu por alguns tempos. Ninguém o viu durante uns cinco anos. Voltou e parecia que tinha algo diferente. Estava mais calmo, apesar de viver completamente duro. Virou feirante. Vendia cerâmicas em uma feira e não era sempre que conseguia um lugar para expor seus produtos. As pessoas que o conheciam, olhavam para ele com aquele olhar de coitado, de pena. Ele entendia tudo. Sabia o que elas estavam pensando e não se importância por isso. Achava que elas estavam livres para pensar o que quisessem, inclusive dele.
Um dia um antigo colega seu resolver se aproximar e conversar com ele. Quando perguntou se Chico estava bem, recebeu um largo e belo sorriso. Não teve outro remédio, sorriu também. Em seguida ouviu coisas que jamais imaginaria escutar.
Que a vida é um filme e passa lentamente em nossas cabeças. E todos os problemas são frutos da maneira que pensamos e nos comportamos diante da sucessão dos eventos diários. As crises acontecem por que nos deixamos vencer por estados emocionais e mentais negativos. Para resolvê-las, bastaria estar indiferente diante dos acontecimentos do dia. Que a alegria e a tristeza são dois pólos de uma mesma coisa, o ponto de equilíbrio é a felicidade e ela se encontra na paz.
Que a raiz de todo o nosso medo está na idéia de nos perder, de perder tudo aquilo que julgávamos importantes. Que para mudar é necessário uma troca de valores, e que quando realizamos essa troca uma força estranha nos ajuda a conquistar aquilo que mais pretendemos, no seu caso, uma vida diferente, mais digna, transcendente. Ouviu que os problemas que tinha como pagar as contas, comer, etc., deixaram de existir, mesmo pagando as contas, comendo e se vestindo...
Ouviu que tinha encontrado o caminho que procurava e com ele a paz, e esse caminho não estava muito longe, mais precisamente, onde o havia encontrado, num banquinho de meditação...

PCS - Curitiba/Brasil

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