quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

OS DOZE TRABALHOS DE HERCULES - Parte III

9º Trabalho – A CAPTURA DO CINTURÃO DE HIPÓLITA

Hipólita era a rainha das amazonas, que viviam nas margens do Mar Negro em três tribos. Apenas aceitavam a descendência feminina, reservavam aos homens os trabalhos domésticos enquanto se ocupavam do governo e da guerra. Quebravam à nascença os membros dos filhos homens incapacitando-os assim para a luta ou a fuga. Não tinham qualquer respeito pela justiça nem a decência. Foram as pioneiras no uso da cavalaria na guerra, usavam arcos em forma de meia-lua em bronze e vestiam-se com peles de feras.
Quando Hércules chegou à ilha de Parus teve que lutar contra os filhos de Minus o que simbolicamente representa os magos negros. Chegado a Temesira foi recebido por Hipólita que se apaixonou perdidamente pelo seu corpo musculoso, indo ao ponto de lhe oferecer o seu precioso cinto.
Foi então que Hera, disfarçada de amazona fez constar entre elas que os estrangeiros que ali haviam aportado tinham por missão o rapto da rainha. As amazonas arremeteram então, furiosas, contra Hércules e a sua companhia. Por suspeitar ter sido vítima de uma cilada, Hércules matou Hipólita. Este acto simboliza a violenta brutalidade masculina que tantas vezes não recua e sacrifica inutilmente a mulher, por querer apoderar-se da sua inata virtude.
A chacina das amazonas prosseguiu até à sua completa derrota.
A conquista do cinto de Hipólita, a rainha das amazonas, o aspecto psíquico feminino de nossa própria natureza interior, é o nono trabalho do Iniciado na segunda Montanha. Durante esse trabalho mais uma vez o Iniciado é atacado naquilo que ele tem de mais fraco: o sexo
O maravilhoso cinturão, análogo ao de Afrodite, tem o emblemático significado que, uma vez separado da sua legítima possuidora, perde todo o seu poder, significado e valor. É ao amor e não à violência que compete fazer as conquistas que realmente valem. 

10º Trabalho – O ROUBO DO GADO DE GERIÃO

Competia a Hércules, qual bom ladrão, neste trabalho, capturar os bois vermelhos de Gerião, animais de uma rara beleza, sem os pedir ou sequer pagar por eles. Gerião reinava em Tarteso, em Espanha e era considerado o homem mais forte do mundo. Nascera com seis braços correspondentes aos seus três troncos completos que lhe subiam da cintura. Ao chegar ao que hoje é o estreito de Gibraltar, Hércules edificou ali duas colunas: uma em África e outra na Europa, símbolos das Colunas do Templo, homem mulher, enxofre mercúrio, fogo e água.
Helius deus do Sol entregou-lhe um vaso de ouro, alegorizado também como vaso de Hermes ou Salomão ou ainda o Santo Graal. Embarcando nele ruma a Eriteia, ao chegar, teve que se defrontar com o pastor do gado que, com o cão de duas cabeças, Ortru, guardava o rebanho. De posse do ganho partiu. Ao saber da perda, Gerião arremeteu contra ele com a sua força brutal. Hércules trespassou-lhe os três corpos. Assim se libertou das tentações do passado vencendo o Senhor do Tempo o trícipede Gerião.
Na viagem de regresso percorreu todo um longo caminho. Ao chegar ao reino do rei Evandro, hoje Itália, atravessou, com o gado, o Tibre a nado, tendo descansado nas suas margens num leito de ervas. Numa enorme cova, pejada de ossos e caveiras humanas, vivia um pastor horrível de nome Cacu, filho de Efesto e Medusa, desonra do bosque aventino que, aproveitando o sono de Hércules, lhe roubou os mais belos animais. Acordado, o herói, dando por falta dos animais e disposto a partir, ouviu um mugido vindo do fundo de uma cova, tapada com uma enorme rocha. Removida a rocha, encontrou Cacu a quem matou. Esta alegoria do mau ladrão viria mais tarde a ser recuperada pelo cristianismo na crucificação de nosso Senhor Jesus o Cristo.

11º Trabalho – AS MAÇÃS DA ÁRVORE DO JARDIM DAS ESPÉRIDES

Estas maçãs haviam sido um presente de boda da Mãe Terra a Hera, que as plantou no seu jardim divino, que ficava na encosta do monte de Atlas. A árvore era guardada por um dragão que vivia enroscado no seu tronco. Atlas, que tinha especial orgulho naqueles frutos, tinha sido advertido que um dia seria despojado das maçãs por um filho de Zeus. Atlas, quando ainda não tinha sido castigado a suportar o mundo sobre os seus ombros, tinha construído muros em redor do jardim e expulsado do seu território todos os estrangeiros.
Hércules, que desconhecia onde se situava o jardim, desceu o rio Pó até ao reino do rei Nereu, que aqui simboliza o mestre que sempre instrui o iniciado sobre os perigos, que o advertiu que não arrancasse as maçãs das árvores com as suas mãos e fizesse com que Atlas lhas entregasse. Seguiu-se a luta com o dragão, tantas vezes alegorizado nas lutas com os mais preparados para aquelas lides, como São Jorge etc..
Ao chegar ao Jardim das Espérides, pediu a Atlas que lhe oferecesse as maçãs. Este, que já então suportava o peso do mundo, pediu-lhe que por um tempo o substituísse na tarefa e voltou trazendo nas mãos a oferenda, que as suas filhas haviam colhido da árvore sagrada, mas acrescentando que ele mesmo a levaria a Eristeu. Hércules concordou e pediu a Atlas que, apenas por uns instantes, voltasse a suportar o castigo, enquanto ele compunha a veste que lhe cobria os ombros. Quando Atlas o fez e com um riso irónico, Hércules recolheu as maçãs poisadas no chão e afastou-se rapidamente daquele lugar.

12º Trabalho – A CAPTURA DO CÃO CÉRBERO

Este horrível monstro tinha três cabeças e na sua cauda havia uma serpente. Estava acorrentado às portas do reino infernal de Hades, o Tártaro, que guardava para que nada dali escapasse.
Antes de iniciar esta última tarefa, porventura a mais difícil, Hércules foi até à cidade Eleusis onde se iniciou na Escola de Mistérios, tendo-se tornado digno de usar a coroa de mirto. No Templo de Demeter os iniciados eram preparados para enfrentar os reinos infernais. Depois de purificado, desceu para os mundos subterrâneos, guiado por Hermes e Ateneia, aqui alegorizados pela força sexual e a sabedoria respectivamente. Chegado ao Tártaro o barqueiro Caronte, que sempre cobrava pela travessia do rio Estige, assustado com a figura de Hércules nada lhe pediu. Todos os espíritos o acolheram excepto Meleagro e Medusa. Ao vê-la desembainhou a espada, mas Hermes disse-lhe que era apenas um fantasma e Meleagro, sorrindo, disse: “nada temas dos mortos”. Conversaram os dois e foi quando o herói se comprometeu a casar com a irmã dele, Dejanira. Quando chegou por fim até Hades e lhe disse qual eram os seus desígnios este disse-lhe: “ o cão Cérebro é teu se o conseguires dominar que é coisa que nunca ninguém conseguiu, apenas com a condição de não usares contra ele as tuas armas”. Ao enfrentar o monstro, que estava acorrentado, lutou com ele apertando-lhe o pescoço, de onde saíam as três cabeças, protegido das mordeduras da serpente pelo Velocino de Ouro, até que a besta, asfixiada, cedeu. Em harmoniosa concordância rítmica com este evento cósmico sexual, advém todo o desprendimento das coisas materiais e a eliminação radical do desejo de existir. Apoderar-se do cão significa o poder total sobre o sexo. Voltou Hércules a atravessar de novo o rio. Entregou, para completar o seu último trabalho, o cão a Eristeu, que o devolveu aos mundos subterrâneos.

EPILOGO
Terminados os trabalhos, o filho de Zeus continuou pelo mundo e teve novas aventuras.
Passaram anos e cortejou Dejanira, com quem casou. Um dia, ao atravessar o rio Evenio, encontrou o ciclope Nessos que lhe disse ser, por mando dos deuses, o barqueiro autorizado. Dejanira embarcou na frente e logo o falso barqueiro fez intenção de a raptar, tendo sido impedido por uma flecha, envenenada com o sangue da Hidra, lançado por Hércules. O centauro, ao agonizar, entregou a Dejanira o seu manto dizendo-lhe que ele teria propriedades de lhe devolver o marido, mesmo que ele cortejasse outras mulheres.
Passsados os tempos, Hércules enviou a sua mulher para Traquis e, nessa altura, fez a seguinte profecia: “Dentro de 15 dias ou estarei morto ou viverei o resto dos meus dias em completa tranquilidade”. Partiu então para Oechalia onde reivindicou ao rei Euryto a mão da sua filha: a bela pricesa Iole. Esta disse então que antes preferia morrer com toda a sua família que entregar-se. Desta forma Hércules não consumou os seus desejos.
Dejanira, louca de ciúmes e sem suspeitar da vingança de Nessos, fez chegar ao marido o manto que o centauro lhe tinha dado.
Quando Hércules preparava num altar de mármore um sacrifício a seu pai Zeus, um mensageiro fez-lhe a entrega do mandado de sua mulher.
Vestida a túnica e quando lançava ao fogo enxofre, sentiu dores horríveis, provocadas por aquele manto que se lhe agarrou de tal forma à pele que, quando fazia tentativas de o despir, arrancava pedaços da sua carne. Acendeu então uma pira e lançou-se nela, erguendo a pele de leão, que havia conquistado, no seu primeiro trabalho aos céus, com um rosto de alívio de tanto sofrimento. Foi então que do céu desceram raios que reduziram a pira a cinzas. – Toda esta narração está relacionada com a Ultima Operação do Magistério: Nessos significa veste púrpura, a túnica de centauro, que tem o poder de queimar os corpos, indica a perfeição do produto acabado. Hércules personifica o enxofre de ouro, cuja acção pode ser vencida pela veste escarlate ou sangue da pedra. Dejanira personifica o princípio mercurial do ouro que juntamente com o enxofre luta contra a túnica ígnea.
Zeus mandou buscar, por entre raios e tronos, o seu filho no seu carro puxado por uma quadriga. Declarou-o imortal. A Ateneia coube a tarefa de o apresentar aos outros deuses. Hera, por sua vez tomou-o como seu filho e, conta a lenda, que foi de entre tantos o que mais amou, tendo dado em casamento uma filha a …

...Hércules que … …No principio Hera, ao saber que Zeus rei dos deuses do Olimpo ia ter um filho de uma mortal, Alcmena, mulher de Anfitrião, rei de Tebas, jurou que haveria de matar aquela criança…

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