5º trabalho – A LIMPEZA DOS ESTÁBULOS DE ÁUGIAS
Este trabalho consistia em limpar, num só dia, os estábulos do rei de Áugias.
O rei imaginou que Hércules carregaria em cestos toda a imundice ali acumulada. Os rebanhos do rei eram imunes a qualquer doença, as fêmeas pariam, sempre com sucesso, principalmente fêmeas. Havia no rebanho 300 touros negros, 200 vermelhos e 12 brancos, consagrados a Hélios – deus grego do Sol que mais tarde haveria de ser personificado na estátua do colosso de Rhodes – um desses touros, Phaetonte, tinha o privilégio de brilhar como uma estrela. Aqueles estábulos não paravam de recolher toda a imundice de muitas gerações. Os terrenos à sua volta não podiam ser cultivados, devido a densa camada de estrume que os cobria e, o seu cheiro pestilento espalhava-se por todo o Peleponeso. Hércules propôs-se a terminar o trabalho antes do anoitecer e antes que as trevas chegassem, as trevas do conhecimento.
Para tal, abriu fendas nos estábulos e desviou o curso de dois rios das proximidades, de forma que a enxurrada varresse pelos campos fora toda aquela imundice, de uma forma definitiva.
Os touros alegorizam o carma zodiacal e os rebanhos a multiplicidade dos agregados psíquicos. Os dois rios os canais espermáticos Ida e Pingala, que é falada profusamente em toda a obra de Mestre Samael Aun Weor. Este é um trabalho fastidioso que desanima tantos e tantos alquimistas, mais ávidos que laboriosos e mais entusiastas que perseverantes. Aqueles que se esquecem de sua Divina Mãe não passam nessa prova. Para Ela temos que desviar o fluxo do amor... Na prática, vemos as pessoas apaixonadas e enamoradas de coisas materiais, atraídas por aparências, enfeitiçadas pelos caprichos do amor mundano e das relações entre homens e mulheres. Infeliz daquele que não compreender os Mistérios do Eterno Feminino de Deus... Jamais logrará alcançar a Região onde moram os Principados.
6º trabalho – A MORTE DAS AVES ANTOPÓFAGAS
Estas aves, de bico e garras de bronze, atacavam as pessoas com as suas penas de ferro e um excremento venenoso. São as mesmas que Virgílio refere na Eneida, ali chamadas de hárpias. Eram seres de enorme crueldade que se haviam refugiado no pântano de Estinfalo.
Hércules, quando chega perto daquele sítio, depara-se com duas dificuldades: a impossibilidade de alvejar com sucesso as aves, por serem muitas e o pântano, que era pouco sólido para nele se caminhar e demasiado denso para que se pudesse usar uma embarcação. Ficou nas margens sem saber o que fazer até que Ateneia lhe deu um par de tímbales/pratos de bronze feitos por Efesto. Com eles, esperou pelo fim do dia e, quando começava a anoitecer, bateu-os provocando um horrível e intenso barulho que fez com que as aves, horrorizadas, batessem em debandada.
Estas harpias, de um modo geral, são bruxas, “jinas negros”. Aniquilar dentro de si os elementos psicológicos relacionados com a Magia Negra, a feitiçaria, a bruxaria é o trabalho do Iniciado nos infernos do planeta Marte. Ainda que muitos, nesta vida, não se lembrem de nada, ainda que muitos não dêem a menor importância a assuntos de Magia, bruxaria, ainda que muitos se julguem “santos” e piedosos, dentro de si levam muitos átomos negros, ligados à bruxaria e às suas artes.
Livrar-se dessa carga negra é necessário quando se quer subir ao Céu de Marte, a morada de Atman, a morada das Virtudes, um mundo que está além da mente e dos afectos.
7º Trabalho – A CAPTURA DO TOURO DE CRETA
Este touro fora dado a Minus por Poseidon, para ser sacrificado em holocausto.
O rei resolveu apoderar-se dele e desobedecer, o que deixou o deus possesso. Por sua vez, o animal, fazia estragos em Creta, aterrorizando todo o país.
Quando Hércules resolveu embarcar para Creta, Minus ofereceu-lhe então ajuda, que foi recusada. Havia decidido fazer a captura sozinho. Após uma tremenda luta, a besta, depois de agarrada pelos cornos, foi montada e dominada.
Terminado o trabalho, levou o touro a Micenas. Eristeu dedicou-o a Hera, que o deixou em liberdade porque não o queria para si, uma vez que entendeu ser produto do mérito de Hércules. Foi a besta então levada a Esparta, daí a Maratona, onde posteriormente Teseu o levou a Atenas para que fosse sacrificado a Ateneia.
Prender o terrível animal das paixões mais arraigadas da psique humana é uma tarefa gigantesca, que exige muita paciência, persistência e meditações. Em contrapartida, o Céu de Júpiter é o Nirvana que o Iniciado pode renunciar na Quinta Iniciação Maior. O Nirvana é a morada dos Elohim, as Dominações do esoterismo cristão.
8º Trabalho – A CAPTURA DAS ÉGUAS DE DIÓMEDES
Este trabalho consistia em apoderar-se de quatro éguas selvagens, que eram pertença do rei Diómedes da Trácia. Estes equinos eram mantidos acorrentados e eram alimentados com a carne dos hóspedes.
Hércules embarcou para aquelas terras com alguns voluntários. Ali chegado, travou uma batalha com os moços de estábulo do rei. Levou as éguas até ao mar, onde as deixou num pequeno monte, tendo regressado para acabar de vez com o trabalho. Abriu um canal que inundou a parte baixa dos estábulos, o que fez retroceder o numeroso inimigo, ao mesmo tempo que levou o aturdido Diómedes até às margens do lago então formado, onde foi devorado pelas suas próprias éguas.
Capturar as éguas de Diómedes, filho de Marte, foi o trabalho de Hércules. As éguas de Diómedes devem ser eliminadas dos infernos de Saturno para que a Consciência, liberada desses átomos, possa ascender ao Céu desse planeta, morada dos Tronos. O céu de Saturno é o Para-Nirvana.
O trabalho nos infernos de Saturno é penoso. Toda classe de tentações e guerras são travadas pelo Iniciado contra as hostes do Exército Negro. São ataques de bruxaria e magia negra; são tentações sexuais sublimes; são seduções maravilhosas e perigosas.
Prender as éguas é a tarefa principal, porém, existe muito trabalho nesse círculo inferior de Saturno. “Hércules limpou a terra e os mares de toda classe de monstruosidades, que não de monstros, vencendo o mago negro Briareo, o dos cem braços, num dos célebres trabalhos de magia negra atlante que havia assenhoreado em toda a Terra”, diz um texto histórico antigo.
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