quinta-feira, 19 de maio de 2011

O CAMINHO DO MAGO





O Caminho do Mago*

Havia entre Galahad, o mais puro dos cavaleiros que serviu o Rei Artur um fato em comum: ambos terem sido concebidos fora do casamento Embora o fato de que
Galahad ser filho natural de Lancelot, não lhe causou qualquer estigma, quando chegou o dia em que aspirava a ser paladino de uma dama da corte. Artur opôs-se e manifestou o seu descontentamento.

- "Eu não vou permitir que sejas o paladino de qualquer nobre senhora", disse Artur.
Galahad corou e gaguejou: - "Mas meu senhor, todo cavaleiro deve servir uma dama para mostrar a pureza de seu amor."
"O que sabes tu do amor?" Perguntou Artur de uma forma tão incisiva que fez Galahad corar mais intensamente.
“Se estás assim tão ansioso para lutar por uma dama, eu vou apresentar-te três escolhas."
O rei pediu que chamasse Margaret, uma lavadeira de idade com cabelos brancos e verrugas no nariz. "Será que esta anciã lhe serve para o amor, gentil senhor?", Perguntou Artur.
A confusão de Galahad era enorme. "Eu não entendo meu senhor," murmurou.

Artur pediu que retirassem a serviçal: "Tragam a outra," ordenou. Desta vez trouxeram uma menina recém-nascida. "Se Margaret era muito velha e feia, então o que achas desta dama? É filha de nobres e não podes negar sua beleza." Embora não tivesse nenhuma dúvida de que a menina era muito bonita, a confusão de Galahad, aumentou. Balançava a cabeça.

"Esse amor de que falas é um amor difícil de satisfazer", disse Artur. Mandou então que entrasse uma terceira dama, e desta vez veio Arabela, uma linda menina de doze anos. Galahad olhou para ela e tentou suprimir a raiva. "Meu senhor, é apenas uma menina e é minha meia-irmã", disse.

"Pediste-me uma dama a quem servir”, disse Artur, "e eu fui suficientemente generoso ao apresentar-te três. Agora deves decidir."

Galahad, estava atordoado. "Por que zombais de mim assim?" Perguntou.
Artur fez um gesto com a mão e todos saíram do salão ficando a sós. "Eu não estou a brincar contigo", disse ele. "Eu tento mostrar-te algo que aprendi com meu Mestre, Merlin".

Galahad olhou e viu que a carranca de Artur se tinha desvanecido. " Os meus cavaleiros dizem servir as mulheres por amor", continuou o rei, "e, apesar de suas juras de amor casto, na maioria das vezes tem uma paixão por aqueles a quem servem, não é? Galahad assentiu. "E quanto maior a sua paixão para com elas, maior é o zelo de servir, certo?" perguntou Arthur. O jovem cavaleiro concordou.
“Merlim ensinou-me outra maneira de amar ", disse Arthur. "Pensa na pessoa idosa, na menina recém-nascida, na menina tua irmã. Todas são manifestações do feminino, mas à medida que essas formas mudam, aquilo a que tu chamas amor muda com elas. Quando falas em amor, o que tu realmente pretendes é satisfazer uma imagem tens dentro de ti.

"É assim que começa o apego, com a propensão pela uma imagem. Podes afirmar que amas uma mulher, mas se ela te trair com outro homem, o teu amor transforma-se em ódio. Porquê?
Porque a tua imagem interior ficou manchada, já não é a mesma que amavas e o facto de te sentires traído despertou em ti a ira.

"Que posso fazer?", perguntou Galahad.
"Olha para além das tuas emoções, porque elas mudarão constantemente e pergunta-te o que existe por detrás dessa imagem. As imagens são fantasias que existem para nos proteger de algo que não desejamos enfrentar. Neste caso trata-se do vazio. É na falta de amor por ti mesmo, que encontras a imagem para tapar esse vazio. Daí a intensa dor, que te causa uma rejeição ou uma traição no amor, porque te deixa exposta a ferida aberta pela tua própria necessidade".

"O amor, é considerado como algo muito belo e elevado", lamentou
Galahad, "não obstante, tu pareces querer torna-lo em algo horrível".

Artur sorriu. "Aquilo a que se costuma considerar amor, pode ter consequências terríveis, mas não é o final da história. O amor tem um segredo.
Merlín contou-mo há muitos anos e eu vou-to confiar agora: Quando puderes amar uma idosa, uma menina e uma jovenzinha de igual maneira, serás livre para amar para além da forma. Então desatar-se-á dentro de ti a essência do amor, que é uma força universal, isenta de apegos. Por fim irás sentir o chamamento silencioso ao qual o amor obedece."

*Traduzido e adaptado de um texto de Deepak Chopra


JFM _ Lisboa- Portugal

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