quinta-feira, 25 de julho de 2013

ENTREVISTA A UM MÉDICO TIBETANO



--Quando um paciente vem À sua consulta, como faz o diagnóstico da sua doença?
--Observando a forma como se movimenta, a sua postura, a forma de olhar. Não é preciso que fale nem me explique que lhe passa. Um médico da medicina tibetana experimentado, basta que o paciente se  acerque a uns 10 metros, pode saber que doença sofre.
--Mas também observa os pulsos.
- Sim.  Obtenho aí a informação que preciso da saúde do doente.
Com a leitura do ritmo dos pulsos podem-se diagnosticar um 95% das doenças, inclusive psicológicas. A informação que dão é rigorosa como a de um computador. Mas lê-la requer muita experiência.
--E depois, como cura?
--Com as mãos, o olhar, e preparações de plantas e minerais.
--Segundo a medicina tibetana, qual é a origem das doenças?
--Nossa ignorância.
--Desculpe a minha insistência, mas, o que entende por ignorância?
--Não saber que não sabe. Não ver com clareza. Quando vês com clareza, não precisas de pensar.
Quando não vês claramente, pões em marcha o pensamento.
E quanto mais pensamos, mais ignorantes somos e mais confusão criamos.
--Como posso o ser  digamos que menos “pensativo”?
--Dar-lhe-ei um método muito simples: praticando a compaixão. É a maneira mais fácil de reduzir teus pensamentos. E o amor. Se queres a uma pessoa a valer, isto é, se não a queres sozinho para ti, aumenta tua compaixão.
--Que problemas vê no Ocidente?
--O medo. O medo é o assassino do coração humano.
--Porquê?
--Porque com medo é impossível ser feliz, e fazer felizes aos outros.
--Como enfrentar o medo?
--Com aceitação. O medo é resistência ao desconhecido.
--E como médico, em que parte do corpo vê mais problemas?
--Na coluna, na parte baixa da coluna: sentais-vos demasiado tempo na mesma postura. Vitalmente, tendes demasiada rigidez.
--Temos muitos problemas.
--Achamos que temos muitos problemas, mas na realidade, o nosso problema é que não os temos.
--Que quer dizer?
--Que nos acostumámos a ter um nível de necessidades básicas cobertas, de modo que qualquer pequena contrariedade parece-nos um problema. Então, activamos a mente e começamos a dar-lhe voltas e mais voltadas sem solucioná-lo.
--Alguma recomendação?
--Se o problema tem solução, já não é um problema. Se não, também não.
--E para o stress?
--Para evitá-lo, o melhor é estar louco.
--...?
--É uma brincadeira. Não, muito, mas é. Refiro-me a ser ou parecer normal por fora, e por dentro estar louco: é a melhor maneira de viver.
--Que relação tem você com sua mente?
--Sou uma pessoa normal, ou seja penso com frequência. Mas tenho treino mental. Isso quer dizer que não sigo a meus pensamentos. Eles vêm, mas não afectam nem a minha mente nem a meu coração.
--Você  ri com frequência.
--Quando alguém ri, abre-nos o coração. Se não abres teu coração, é impossível ter sentido do humor.
Quando rimos, tudo é claro. É a linguagem mais poderosa: liga-nos diretamente uns com os outros.
--Também acaba de editar um CD de Mantras com uma base electrónica, para o público ocidental.
--A música, os Mantras e a energia do corpo são a mesma coisa.
Como o riso, a música é um grande canal para nos  ligarmos  com os outros. Através dela, podemos nos abrir-nos  e nos transforma-mos : assim é o uso na nossa tradição.
--Que gostaria de ser mais?
--Gostaria de estar preparado para a morte.
--E nada mais?
--O resto não importa. A morte é o mais importante da vida. Acho que já estou preparado. Mas antes da morte, devemos ocupar da vida. Cada momento é único. Se damos sentido a nossa vida, chegaremos à morte com paz interior.
--Aqui, vivemos de costas para a morte.
--Mantemos a morte em segredo. Até que chegará num dia da nossa vida em que já não será um segredo: não nos poderemos esconder.
--E a vida, que sentido tem?
--A vida faz e não faz sentido.
Depende de quem sejas. Se realmente vives tua vida, então a vida faz sentido. Todos temos vida, mas nem toda a gente a vive. Todos temos direito a ser felizes, mas temos que exercer esse direito. Senão, a vida não faz sentido.
"Sofremos demasiado pelo pouco que nos falta e gozamos pouco pelo muito
que temos."

Autor Desconhecido


JFM – Lisboa - Portugal

Nenhum comentário:

Postar um comentário